A cidade enquanto objeto do discurso enciclopédico


resumo resumo

José Horta Nunes



incluem uma ou mais áreas urbanas, bem como cidades-satélites e áreas rurais que estão sócio-economicamente conectadas ao urbano núcleo central, geralmente medido por padrões migrações pendulares.3

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 deixa a cargo dos estados a instituição de Regiões Metropolitanas que seriam "constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum" nota 1 .

 

No verbete "região metropolitana", duas partes, uma referennte à conjuntura global, e outra relativa ao Brasil (inciada por "No Brasil"), de modo a separar um discurso geral, mundial, e um dicurso nacional. Na primeira parte, a definição retoma o verbete cidade, analisado mais acima, ou seja, parafraseia "área urbanizada densamente povoada", com filiação ao discurso geográfico urbanista. Porém, aqui trata-se de uma área "composta" por um "núcleo urbano densamente povoado e por suas áreas vizinhas menos povoadas". Essa última sequência é substituída em seguida por "aglomerado urbano", um nome que signifca a cidade pela quantidade, pelo excesso. E esse aglomerado "partilha indústrias, infraestrutura e habitações", de maneira que tem lugar uma desconexão de objetos urbanos de sua área geográfica circunscrita: uma indústria é partilhada por uma ou outra área urbana, e por populações de diferentes "áreas vizinhas". A vizinhança aí vai além da ligação física (conurbação), pois implica movimento de trabalhadores, populações, habitantes. Observa-se que o discurso econômico também aparece aqui, mas é uma outra região discursiva que é evocada: o discurso industrial e não o de "comércio" e "serviços", como vimos na análise do verbete "metrópole". Já o discurso urbanista é especificado com os objetos derivados "infraestrutura" e "habitação". Assim,  o primeiro objeto-cidade dessa parte globalizada do verbete é o da "cidade-urbe com vizinhança", marcado pela partilha de objetos e pelo movimento de trabalhadores, populações e habitantes. Trata-se também do discurso urbanista e econômico em sua versão industrial.

Em seguida à "cidade-urbe vizinhança", um outro objeto discursivo é construído nesse mesmo verbete: o de "agrupamentos de municípios limítrofes". O enunciado "áreas metropolitanas geralmente são oficializadas por legislações locais" produz um deslizamento metafórico que vai em direção ao jurídico estatal, com filiação a discursos legislativos de criação de regiões metropolitanas, como é o caso brasileiro. O adjetivo "local" marca a distinção espacial entre o global e o local, regular em discursos de globalização da atualidade. O pronome "várias" e o adjetivo "diferentes", em "várias jurisdições e subdivisões diferentes" são marcas do discurso global, indicando a