Esta por sua vez é seletiva, está circunscrita em lembranças e esquecimentos e passa muitas vezes por filtros emocionais. No caso dos indígenas, muitos dos jogos em desuso foram deixados de serem praticados e esquecidos por processos de repressão física e/ou psicológica, tais como o desenvolvimento de sentimento de vergonha, por serem considerados, através de seus comportamentos violentos e estarem inseridos em rituais categorizados como demoníacos, contrários à ética cristã dos colonizadores.
Os Jogos dos Povos Indígenas, no entender dos indígenas, propiciam "mostrar e revitalizar a cultura, as tradições e os valores, a aproximação e trocas de informações entre os 'parentes', a discussão de problemas, a confraternização, aprender a conhecer e respeitar outras etnias e línguas, vender artesanato, mostrar para o branco as diferenças, obter reconhecimento e ser respeitado. O indígenas não eram unido. A gente estava muito disperso" (VAZQUEZ et alli, 2006).
Podemos enfatizar que além das competições, os jogos são mais que um local de ressignificação para as mulheres que estão cada vez mais atuantes não só como esposas e mães, mas como atletas e lideranças políticas. (KOK & ROCHA FERREIRA, 2011).
O evento propicia um estranhamento e uma aproximação entre o público e os indígenas. A logística organizacional difere das festas, celebrações e outras atividades realizadas nas aldeias. As decisões na cidade são feitas obedecendo a um calendário de atividades dos governos federal, estadual e/ou municipal, a disponibilidade financeira das entidades organizadoras, de prazos estabelecidos prioritariamente, de concorrências públicas, de rubricas financeiras que precisam ser seguidas, entre outros encargos. A prestação de contas é extremamente difícil, até para os experts no assunto. Enfim, são sociedades e lógicas diferentes que se predispõem a organizar o evento.