Discurso urbano e enigmas no Rio de Janeiro: pichações, grafites, decalques


resumo resumo

Bethania Mariani
Vanise Medeiros



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Fotografia 4: Muro no bairro do Flamengo, Rio de Janeiro

(foto de Bethania Mariani em 21 de junho de 2014)

 

Em nosso outro trabalho (MARIANI e MEDEIROS, 2013), dissemos que a pichação do ponto de vista do poder instituído é compreendida como “sujeira nas paredes dos muros, dos monumentos e das casas, ou pode ser lida como marcas que delimitam territórios, que escrevem histórias de grupos socialmente discriminados ou que reivindicam um espaço de fala”. Naquele trabalho, estava em jogo o gesto contraditório do estado: punindo aquele que picha e, ao mesmo tempo, pichando a casa do morador do Morro da Providência, apontada como a primeira favela da cidade do Rio de Janeiro[6]. Aqui queremos retomar e adentrar um pouco mais nesta reflexão sobre a pichação pensando ainda a sigla SMH que antes se inscrevia pela pichação por parte do estado nas casas a serem derrubadas e que, em momento posterior (em 2014), passa a aparecer nos muros de um bairro de classe média na zona sul do Rio de Janeiro. Um gesto que faz equivocar a sigla: novamente uma pichação do estado ou, de uma outra posição que a captura e a espalha pela cidade (re)escrevendo e equivocando a proscrição?

Pichação e grafite constituem contemporaneamente duas formas de manifestação na cidade sobre as quais se produzem distinções várias. A pichação é punida pela lei e o



[6] Há uma extensa bibliografia histórica que aponta tal favela como a primeira e como origem do nome favela.