Discursividades, materialidades e entremeios: dizeres e sentidos das artes visuais em espaços arquitetônicos na cidade de Maringá


resumo resumo

Guilherme Radi Dias
Renata Marcelle Lara



Na cidade podem ser encontrados momentos que demandam sentidos; momentos “que são significados seja pela arte, seja pela com-fusão, seja pela violência” (ORLANDI, 2001, p.11). Ao se pensar nessas formas de fazer sentido, fazemos nossa incursão para discutir a presença das artes visuais nos processos discursivos que provocam e demandam sentidos nos espaços arquitetônicos sob domínio do Poder Público. Isso porque, para discutir (sobre) o objeto que apresentamos neste artigo, requer-se considerar, discursivamente, não só o espaço citadino e seus recortes, mas também o artístico em sua materialidade característica.

Nesse sentido, Neckel (2010) apresenta o Discurso Artístico (DA) como aquele em que se inscreve ou que circunscreve o produto artístico em sua materialidade específica. O conceito de DA é balizado pelas noções discursivas de polissemia e paráfrase, sendo que a primeira representa a ideia da abertura, possibilitada pelo desdobramento que ocorre na materialidade constitutiva do artístico, enquanto que a segunda representa a estabilização de sentidos. Considera-se, de uma perspectiva discursiva materialista, que o dizer artístico é um discurso de constituição heterogênea, do qual emergem sentidos provenientes de posições-sujeitos distintas.

Tendo a produção artística como prerrogativa à abertura para outros discursos, por meio do Discurso Artístico (DA), as artes visuais também têm, nesse processo, a possibilidade de (se) significar pela resistência no interior do discurso regulatório. O Discurso Artístico, conforme Neckel (2005), tem por noções fundantes a polissemia, aberta, integrante do discurso lúdico, e o não-verbal, processo constitutivo do DA. Como processo, é fator determinante do discurso, e tanto os participantes do discurso como o referente são cambiantes. Além disso, os sentidos produzidos no interior do DA constituem-se gestos de interpretação dos acontecimentos outros, que são tecidos perante um olhar crítico, inerentes tanto ao trabalho artístico como ao trabalho analítico.

Os gestos de interpretação analíticos permitem observar, discursivamente, os espaços em que as artes se dizem e como (n)elas significam, e os dizeres acerca da arte. Isso significa que, partindo da noção de Discurso Artístico, na perspectiva de Neckel (2005), trabalharemos com a ideia de que há discursos que se produzem no/pelo artístico, e que caracterizam o discurso artístico, e há também discursos sobre o artístico, que são efeitos do que seja o artístico, buscando significá-lo.

 

 

(Des)estabilizações em funcionamento