Na cidade podem ser encontrados momentos que demandam sentidos; momentos “que são significados seja pela arte, seja pela com-fusão, seja pela violência” (ORLANDI, 2001, p.11). Ao se pensar nessas formas de fazer sentido, fazemos nossa incursão para discutir a presença das artes visuais nos processos discursivos que provocam e demandam sentidos nos espaços arquitetônicos sob domínio do Poder Público. Isso porque, para discutir (sobre) o objeto que apresentamos neste artigo, requer-se considerar, discursivamente, não só o espaço citadino e seus recortes, mas também o artístico em sua materialidade característica.
Nesse sentido, Neckel (2010) apresenta o Discurso Artístico (DA) como aquele em que se inscreve ou que circunscreve o produto artístico em sua materialidade específica. O conceito de DA é balizado pelas noções discursivas de polissemia e paráfrase, sendo que a primeira representa a ideia da abertura, possibilitada pelo desdobramento que ocorre na materialidade constitutiva do artístico, enquanto que a segunda representa a estabilização de sentidos. Considera-se, de uma perspectiva discursiva materialista, que o dizer artístico é um discurso de constituição heterogênea, do qual emergem sentidos provenientes de posições-sujeitos distintas.
(Des)estabilizações em funcionamento