“Cara de empregada doméstica”: Discursos sobre os corpos de mulheres negras no Brasil*


resumo resumo

Mónica G. Zoppi Fontana
Mariana Jafet Cestari



 

Blog Cético, Post Racismo para todos os lados

http://ceticosblog.wordpress.com/2013/12/16/racismo-por-todos-os-lados/

No funcionamento do discurso da branquitude não se diz que os médicos brasileiros são brancos, mas se denuncia que o programa “Mais Médicos” contrata médicas cubanas que “não tem boa aparência”, atualizando no acontecimento discursivo práticas racistas de reserva de vagas no mercado de trabalho brasileiro.  Nesse sentido, são reveladoras duas fotos reproduzidas largamente nas notícias publicadas pela imprensa sobre a reação da classe médica brasileira à chegada dos médicos cubanos, que explicitam o racismo que está na base da recusa profissional.

 

http://imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2013/08/28/440873/20130828071826685618u.jpg

http://saiunoblog.blogspot.com.br/2013/08/vergonha-brasileira-agressao-cubanos-e.html

http://imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2013/08/28/440873/20130828071826685618u.jpg

http://saiunoblog.blogspot.com.br/2013/08/vergonha-brasileira-agressao-cubanos-e.html

 

Retomando o enunciado da jornalista:

me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas tem uma Cara de empregada doméstica. Será que São médicas mesmo??? Afe que terrível. Médico, geralmente, tem postura, tem cara de médico, se impõe a partir da apariência...”

 

Podemos entrever uma rede de estereótipos que funcionam na evidência do seu sentido, apagando sua historicidade e a memória discursiva na qual se inscrevem. De forma esquemática, poderíamos pensar uma série de processos metonímicos que permitem construir uma relação de sinonímia:

cara / doméstica (brasileira) = negra, pobre e feia

médica cubana = empregada doméstica brasileira

(cara) /médica cubana = negra, pobre e feia

cara / doméstica (brasileira) = negra, pobre e feia

médica cubana = empregada doméstica brasileira

(cara) /médica cubana = negra, pobre e feia