Discurso urbano e enigmas no Rio de Janeiro: pichações, grafites, decalques
Bethania Mariani Vanise Medeiros
Fotografia 3: Muro no bairro do Catete, Rio de Janeiro
(fotodeBethaniaMariani em 1 de julho de 2014)
“AQUI NASCEM AS FLORES”, “AS IDEIAS VOLTARÃO A SER PERIGOSAS”, “FUCK FIFA”, “COPA PRAQUEM?”e“RUA” são palavras e expressões que vem se proliferandonos muros da cidade do Rio de Janeiro,sobretudo após as manifestações de junho de 2013. Se,em “Aqui nascem as flores”,tem-se uma paráfrase de “Aquias floresnascem do concreto”,enunciado de um blog de um projeto de teatro[4], em“as ideias voltarão a ser perigosas”,coloca-seem circulação enunciados que se encontram, por exemplo, nofacebookdoAnonymousRio e em muros de Campinas[5], deslocando, neste caso,o tempo verbal no passado (“voltaram”) para o futuro (“voltarão”).
Aqui sinalizamos, como proposta ainda a ser mais investigada, as cadeias de movimentação significante por onde o sujeito tenta dizer desse resto que a cidade não tem como significar, muitas vezes em função das regras urbanísticas. Em outras palavras, pensamos que no movimento que está na tela do computador e nos muros da cidade em um ir-e-vir que protesta e poetiza querendo fazer-se ouvir.
Voltemos para as pichações.Na fotografia 4, veem-se pichações anônimas e, também, pichação da sigla SMH. Está pichado “SMH 12”.