“O skate invade as ruas”: história e heterotopia


resumo resumo

Leonardo Brandão



Eu quero mais é asfalto e concreto, para pegar meu skate e sair por aí, gastando minhas rodas, descendo e subindo ladeiras puxado por ônibus, dropar de muros, horrorizar o trânsito, achar transições para uma boa diversão, entrar na contramão, subir guias, etc. Por que? Porque nós amamos isto, vivemos disto!!! Imagine a infinidade de coisas que uma cidade pode ter em suas ruas, postes, carros, guias, shits, bêbados, bitchs, transições, buracos, valas, velhas e muito asfalto. E o que isto significa? Obstáculos? Talvez sim, para aqueles que não possuem a ousadia de encarar ruas desconhecidas e terrenos inexplorados. Mas para outros, todos esses ‘obstáculos’ se transformam num verdadeiro campo de batalha, em que o objetivo é demonstrar o domínio sobre a arma de ataque: o skate. E o ground de ação: as ruas![4]

 

Um outro exemplo nesse sentido também podemos encontrar na edição de junho/julho de 1989 da revista Skatin. Nesta edição, como podemos visualizar a seguir, a capa apresentava o skatista paulistando Beto or Die utilizando-se de um encosto de banco da praça Roosevelt, localizada próxima ao centro antigo da cidade de São Paulo.

 

Figura 3: Capa da revista Skatin, n. 6, 1989.

 

Nesta edição, uma das matérias principais chamava-se “Estritamente Street” e tinha como subtítulo: “um modo especial de ver um mundo bastante conhecido: as ruas”. Os textos a seguir são de autoria de Luiz Calado, sendo que cada fragmento reproduzido vinha publicado na revista junto a uma fotografia de um skatista explorando bancos, bordas ou alguma escada. Ao lê-los, eles nos ajudam a pensar a questão das heterotopias,

 



[4] Revista Overall, n. 4, 1986, p. 16.