O discurso na rede eletrônica e o Google: o movimento LGBT em destaque
Gustavo Grandini Bastos Dantielli Assumpção Garcia Lucília Maria Abrahão e Sousa
estabilização, enquanto a polissemia joga com o outro, o equívoco, já que temos os deslizamentos e a produção de sentidos não esperados (ORLANDI, 2007). Por meio da tensão entre dizer diferente e repetir, o sujeito movimenta-se e inscreve sentidos em suas relações discursivas. Assim, o sentido sempre é passível de ser outro, de escapar do que é proposto ou entendido como exato.
Pensando esses conceitos frente ao corpus deste artigo,refletimos acerca da polissemia e de como temos outro passeio pelo espaço discursivo do Google com a mudança da página durante a manifestação de apoio aosLGBT. Ao depararem-se com tal mudança, o inesperado integra o processo de navegação dos sujeitos, afetando, assim,esse percurso de navegação, uma vez que sujeitos contrários aos direitos dos LGBT, ao usarem expressões ligadas a esse universo, em inglês, acionavam essa modificação no Google, produzindo uma espécie de ‘homenagem’ ao movimento LGBT.Mesmo sem desejarem, ao navegarem por condições técnicas específicas, os efeitos de sentidos sobre o movimento são colocados em circulação na rede, afetando os resultados de pesquisa e a própria página.
Gesto(s) de leitura no Google: o universo LGBT
A discussão teórica promovida permite avançarmos para a análise do corpus. Nosso material de análise é composto por seis telas[1]que indicam a alteração da barra de pesquisa do Google de acordo com a busca por termos relacionados ao universo LGBT.
Interessa-nos analisar o funcionamento da tecnologia, especificamente, a rede eletrônica, além de diretrizes de ordens técnicas, relativas a aspectos como o tamanho ou a potência da rede. Nosso interesse envolve pensar o seu funcionamento discursivo, bem como a relação dos sujeitos-navegadores com essas páginas. Propomos discutir como se dá a relação do sujeito-navegador frente ao acontecimento discursivo – alteração na página do Google – como novos gestos de navegação e condições de leitura e interpretação ocorrem, inscrevendo o diferente na busca por resultados na relação do sujeito com a máquina. Pela memória discursiva, o sujeito pode nortear-se em relação a suas pesquisas, especificamente, para a obtenção de resultados que alterem o formato da barra de pesquisa. Para isso, é necessário o uso de termos específicos relacionados ao universo LGBT. Assim, é preciso que o sujeito-navegador tenha acesso ao já-lá – memória sobre a inconstitucionalidade da lei –, aos termos em inglês que possuem
[1]Realizamos o print screen de telas contendo a busca com o uso de palavras ligadas ao universo LGBT em inglês e português. A pesquisa foi realizada no dia 27 de junho de 2013.