atribuemcada um a si e ao outro, a imagem que eles se fazem de seu próprio lugar e do lugar do outro”. Completando a tríade, o autor traz as “regras de projeção”, que estabelecem as relações entre assituaçõese asposições.Ou seja, estamos falando do que é possível o sujeito antecipar a partir das determinações que o constituem e que definem sua posição no discurso.
EmEra uma vez...o funcionamento da antecipação é muito significativo, já que o filme contrapõe o morro ao bairro, com muitasdecorrências que isso traz.Tomandoas derivas possíveis a partir da dicotomiapobres e ricos,Era uma vez...enfatiza, no que tangeao morro,a relaçãodeste com otráfico,abandidagemeaviolência, substantivos que compõem, na estabilização social dos sentidos,a mesma família parafrástica da qual fazemparte pobre e pobreza.Comoo morro abriga tanto o pobre quanto o bandido,estes ficam imaginariamente congregados nummesmoespaço, no qualas fronteiras dos sentidos se diluem e o pobre se torna um bandido em potencial.Assim, ser identificado como um morador do morro significa, necessariamente ser pobre e potencialmente ser bandido, traficante,violento eperigoso.Essas imagens deslizam entre si sob o olharque vemde fora do morro,o olhardomorador do Bairro de Ipanema, “o bairro mais rico do Rio de Janeiro”, e tambémsobo olhar domorador do morro que não seidentifica com otráfico.O filme focaliza essa questão no jogo das antecipações que vão se produzindoentre os moradores do morro, que não é um só,eentre os moradores do morro e do bairro.Concomitantementetemos aapresentaçãopara o espectadordas contingências que vão significando e relativizando muitos dos gestos dos sujeitos, em alguns casos compondo justificativas para a violência e a transgressão.