Jogos dos povos indígenas: Da aldeia para cidade e as representações urbanas


resumo resumo

Maria Beatriz Rocha Ferreira
Vera Regina Toledo Camargo



Carlos Justino Terena relata[1] três situações diferentes na qual alguns indígenas preferiram não ganhar a prova nos jogos de futebol (Goiânia, 1996, e Marabá, 2000) e nas provas de canoagem (VI Jogos de Palmas, em 2003) para que outros também pudessem ganhar.

O sentido de campeão, de vencedor, para os indígenas, pode estar próximo ao sentido do agon na Grécia antiga. A expressão agon significa assembleia, reunião, combate com características competitivas. Naquela sociedade havia a busca de equilíbrio entre a estética, a competição leal, a premiação justa e a liderança. Eles não se opunham a um rival propriamente, mas à força física, à velocidade, à memória, etc.

 

O importante, para os gregos, era o espírito competitivo e não necessariamente o resultado em si. (ROCHA FERREIRA & VINHA, 2007, CAILLOIS, 1986, HUIZINGA, 1993). A imagem 3 apresenta  essa imagem do guerreiro, muito bem representada por todos os participantes.

Nos Jogos dos Povos Indígenas, os organizadores querem trazer o espírito de guerreiro, de auto superação presente nos indígenas; nos rituais de passagens, nos embates e nas lutas, dentre outros, não para “vencer a qualquer custo”, de forma desmedida, mas mais próximo ao sentido do agon. (ROCHA FERREIRA & VINHA, 2007).

Depoimentos de líderes indígenas[2] indicam que o evento é organizado para os "brancos" e precisa haver elementos da sociedade urbana para atrair o público. O processo de construção desses eventos não é simples. Inicia com a passagem dos jogos da aldeia para a cidade e são representações miméticas. Taussig (1993) menciona que a faculdade mimética pertence à "natureza" que tem a cultura de criar uma "segunda natureza". Essa faculdade, no entanto, não se dá meramente pela cópia do original, mas pelas ressignificações que cada cultura consegue do original e como influencia este original.

Os jogos não são, portanto, cópias do original, dos rituais, das atividades corporais realizadas na aldeia, mas a partir dessas atividades são ressignificados num outro momento e espaço e os Jogos Indígenas Urbanos ganham essas conotações.

Elias e Dunning (1992) nos estudos do lazer e futebol nos trazem uma característica importante da mimesis – relacionam-na com um aumento de tensão,

 

Em entrevista as autoras,

Entrevista realizada para as autoras



[1] Em entrevista as autoras,

[2] Entrevista realizada para as autoras