Produzindo o sentido de um nome de cidade


resumo resumo



Só para mostrar uma diferença, tomemos o relto de Frei Vicente de Salvador sobre esta mesmo fundação da cidade de São Sebastião, em sua obra de 1627:

 

O Sítio em que Men de Sá fundou a cidade de São Sebastião foi o cume de um monte, donde facilmente se podiam defender dos inimigos; mas depois, estando a terra de paz, se estendeu pelo vale ao longo do mar, de sorte que a paria lhe serve de rua principal e assim, sendo lá capitão-mor Afonso de Albuquerque, se achou uma manhã defronte da porta do Convento do Carmo que ali está uma baleia morta que de noite havia dado à costa. E as canoas, que vêm das roças ou granjas dos moradores, ali ficam, desembarcando cada um à sua porta ou perto dela, com o que trazem, sem lhe custar trabalho de carretos, como costa pela ladeira acima. (p. 131)

 

Veja que a descrição é, diríamos, meramente técnica.

A descrição da beleza física é apresentada, no final do século XIX, na enunciação de João Ribeiro, como razão para o sucesso do desenvolvimento da cidade naquele remoto tempo do início da colonização. De um certo modo, este relato do historiador se dá numa correlação do memorável descritivo que significa no nome Rio de Janeiro, primeiro do lugar e depois da cidade.

Esta história de enunciações que nomeiam e renomeiam a cidade determina (predica) o sentido destes nomes. Assim é preciso tomar o enunciado (1) levando isso em conta. E é preciso também analisar o enunciado (1) e assim analisar como a história enunciativa desta relação constitui, de modo particular, uma predicação para o nome Rio de Janeiro (da cidade).

Há pelos menos dois relatos sobre o aparecimento da expressão “cidade maravilhosa” atribuída a Rio de Janeiro. Uma diz que foi usada pela primeira vez por Coelho Neto em 1908. Mas não se tem a atestação desta enunciação. Ligada a este relato está também o nome de um livro do próprio Coelho Neto em 1928, Cidade Maravilhosa, com crônicas do autor sobre o Rio. O outro é que a expressão teria sido usada pela primeira vez no título da obra La Ville Merveilleuse: Rio de Janeiro de Jane Catulle Mendès, publicado em 1913[3].

 

O livro inclui poemas como Arrivée dans la Baie de Guanabara,  Salut, Aube,  Les Palmiers, Le Tarnarina, La Fontaine miraculeuse, Les Bambous , Praia Vermelha, Des fleurs, L’orchidée sauvage, La Fleur qui rougit au soleil, La Bibliothèque.

 



[3] O livro inclui poemas como Arrivée dans la Baie de Guanabara,  Salut, Aube,  Les Palmiers, Le Tarnarina, La Fontaine miraculeuse, Les Bambous , Praia Vermelha, Des fleurs, L’orchidée sauvage, La Fleur qui rougit au soleil, La Bibliothèque.