aspectosadministrativos e religiosos de tipo novo que aí se manifestam conjuntamente e com insistência).
Este ponto poderia contribuir para explicar porque os discursos revolucionários contemporâneos se encontram a um tal grau presos à lógica das fronteiras, desembocando por vezes em uma lógicaparanóicada interpretação: a administração religiosa do sentido, gerida por porta-vozes/ permanentes/ funcionários no espaço sem sobra de uma contradição simétrica, que foge de toda heterogeneidade interna.
Do mesmo modo, a época do discurso revolucionáriosuperacumuladosob a forma de uma lógica da inversão estratégica é também a época de um esgotamento dos recursos internos deste discurso: a lógica da inversão se esgota de tanto recobrir as resistências e as revoltas imprevisíveis que adormecem sob os dispositivos e os programas. Ela se esforça por remetê-los, de antemão, “a seu lugar”, o que constitui justamente o índice doefeito de deslocamentoque aí é induzido: como se todos esses enunciados sem locutor, essesrelatos geradores de acontecimentos sem porta-vozes, esses efeitos discursivos que trabalham na margem, sem enunciador legítimo, incomodassem a ordem revolucionária.” (p.18-19)
A tendência à simetria e a lógica da inversão, ressaltadas porPêcheux,se mostram como modos denegação do equívoco emefazem olhar paraas relações de conflito socialperguntandopelasabordagensque acabam porcorroborarcoma manutenção de dicotomias estabilizadoras,emborapensadasparacolocar em pautaasfragilidadesdessas relações.
O morro em suas derivas
Volto aEra uma vez...Ofilmenos apresentaas contingências quecercam o sujeitona pobrezae no Morro. Focalizandoa não-escuta entre pobres e ricos, reitera aforte presença da insensibilidadenosocial,marcada na previsibilidade das interpretações já estabilizadas.Nesse espaço das contingências, da insensibilidadee da previsibilidade quero fazer meuinvestimento analítico e teóricodo filme.