Produzindo o sentido de um nome de cidade


resumo resumo



presente à enunciação passada de outro nome. Os nomes do percurso se fundam basicamente nestes dois procedimentos, o da “descrição”, e o da “homenagem”, e neste caso a homenagem é predominantemente a santos da igreja católica. Trata-se, para mim, de uma nomeação cujo passado do acontecimento é, num caso, um memorável descritivo e, em outro, um memorável religioso, respectivamente. (Guimarães, 2013).

 

Terceiro aspecto: o nome “Rio de Janeiro” acaba metonimicamente se sobrepondo ao nome “São Sebastião”, e assim renomeando a cidade. Isto, de algum modo, repercute no fato de que se tem hoje no Brasil um estado brasileiro (Rio de Janeiro), onde está uma cidade também com o nome Rio de Janeiro. Rio de Janeiro (nome do estado) é homônimo de Rio de Janeiro (nome da cidade). Ou seja, o nome do estado pode ter uma história de enunciações em alguns aspectos semelhante ao nome da cidade, mas que não é no todo a mesma história. E assim os dois nomes têm sentidos diferentes. Basta lembrar aqui que não há um enunciado (5) correlato de (1)

 

  1. Rio de Janeiro – Estado maravilhoso.

 

Falta a este enunciado (5) uma história de enunciações que significa em (1).

Deste modo observa-se como o nome dado a propósito do lugar encontrado em 1502 (um rio, uma baía), permanece, re-nomeando a cidade cujo nome era São Sebastião, e é esse nome (Rio de Janeiro) que movimenta uma descrição do lugar que receberá depois um epíteto louvando, descritivamente, a cidade.

É interessante observar, por exemplo, como João Ribeiro, em 1900, narra o processo de criação da cidade de São Sebastião:

 

À vitória dos portugueses seguiu-se a transferência (ou antes a verdadeira fundação da cidade) para o morro de São Januário (depois do Castelo), fato duvidoso, mas geralmente suposto e admitido, com a da de 20 de janeiro de 1557, dia do santo que era o mesmo do rei, Sebastião. Aí foi fundada com as cerimônias usuais a capital da nova capitania e traçada na ondulosa esplanada do morro a praça onde ficariam as casas do governo e um forte. Não tardou que a beleza do sítio e a excelência da terra atraísse os povoadores”(Ribeiro, 1900, p. 118)[2].

 



[2] Grifo nosso.