Cidade e futebol: um acontecimento político nos escritos em Cuiabá


resumo resumo

Ana Di Renzo
Ana Luiza Artiaga R. da Motta



casas e condomínios. É o jogo de discursos e de marketing, que antecedem a Copa do Mundo/2014, é o que movimenta o tabuleiro de dama, que desenha a cidade e que faz pensar o poder que a atravessa em sua constituição física de cidade (RAMA, 1985).

A cidade, a cada época, tem se inscrito no tecido urbano, a posição sócio-histórica e ideológica da forma-sujeito que a gesta, a administra e disciplinariza os seus sentidos. Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso, construída pelo idealismo de cidade no Brasil colônia, em 1719, século XVIII, conta com uma arquitetura peculiar do período barroco, visíveis no centro histórico. Os casarões, igrejas, ruas estreitas, do centro histórico, remetem às determinações das leis afonsinas, à realidade física do desenho urbano para a passagem de pequenos automóveis, próprios à mobilidade da época.

Nessa linhagem, a cidade de Cuiabá, em sua morfologia, textualiza os traçados da cultura de um povo, da política de um Estado do Brasil colônia e que, no contemporâneo, reclama sentidos entre a ordem (simbólico) e a sua re-organização (estrutura)[2].

 

  1. Textura urbana

No Estatuto da Cidade, Lei Orgânica, há a escrituração, a projeção imaginária de cidade. Isto é, “A ordem deve ficar estabelecida antes que a cidade exista, para impedir assim toda futura desordem” (RAMA, 1985, P.29). Dito de outra forma, a lei é quem institui as diretrizes políticas que antecede o real, a cidade.

Dessa forma, a cidade se divide milimetricamente, demarcando múltiplos sentidos, escrituras, instituições, construções, nomes de ruas, materialidade simbólica. Em síntese, “tudo o que se nos apresenta, no mundo social-histórico, está indissociavelmente entrelaçado com o simbólico” (CASTORIADIS, 1982, p.142). Continuando, diz o autor que o simbólico constitui a teia da sociedade e que o encontramos primeiro na linguagem. Diz, ainda, em outros termos que as instituições se constituem e se significam pelo simbólico; ainda que as instituições não se reduzam a este simbólico, torna-se impossível o processo de instituição se não for pelo simbólico.

Não é importuno dizer que o efeito ideológico naturaliza os acontecimentos de linguagem, a materialidade simbólica em si, e assim as relações entre o homem e o mundo que nos parecem tão transparentes. Mas, é necessário questionar a história. Isto



[2] Ver Orlandi, 1999. Revista Rua. A autora discute a cidade entre a ordem e a organização.