Produzindo o sentido de um nome de cidade


resumo resumo



Para dizer (4) é preciso considerar que não é possível dizer (4) sem que se signifique (2), que aparece assim como significado pelo memorável da beleza do lugar e assim constitui o sentido tanto de (1), que inclui o significado por (4), quanto de (4). E o que estou dizendo aqui não é que (2) precisa ter sido dito. O que estou dizendo é que (2) significa tanto em (1) quanto em (4).

 

Relatos sobre Enunciações.

Para falar de “Rio de Janeiro” como nome próprio da cidade, precisamos considerar alguns aspectos. Primeiro que “Rio de Janeiro” foi inicialmente o nome dado à hoje chamada “Baía da Guanabara”, em primeiro de janeiro de 1502. Este acontecimento de nomeação oficial nomeou um lugar da costa brasileira. É interessante que este nome é dado a este lugar na mesma viagem em que foram nomeados o Cabo de Santo Agostinho (em 28 de agosto de 1501), Rio São Francisco (4 de outubro), Bahia de Todos os Santos (primeiro de novembro), Cabo de São Tomé (21 de dezembro), Rio de Janeiro (primeiro de janeiro de 1502), Angra dos Reis (6 de Janeiro), São Vicente, nome da ilha (22 de janeiro).

Deste conjunto de nomes vemos que só Rio de Janeiro não é uma nomeação que se dá do lugar de locutor-oficial recortando um memorável religioso. No caso do Rio de Janeiro há uma nomeação que recorta um memorável descritivo, da natureza.

Em segundo lugar, quando se funda a cidade na região do Rio de Janeiro, ela é chamada de cidade de São Sebastião, nomeada por um locutor-oficial, que recorta um memorável religioso e de vassalagem (o Rei de Portugal era Dom Sebastião).             

Já tratei desta questão do memorável religioso de um lado e descritivo de outro, em outro lugar. Nesse texto, a propósito de um conjunto de nomes presentes no Diário de Pero Lopes de Souza, disse:

 

De um lado temos algo como ilha da Ribeira Grande, e de outro algo como ilha de São Vicente. Semanticamente podemos observar que, no primeiro caso, se está diante de uma expressão que coloca o nome Ribeira Grande articulado a ilha, e isto toma como enunciação anterior uma descrição do lugar. É como se tivéssemos uma enunciação que descreve um lugar como ilha da ribeira grande e que esta descrição se faz nome da ilha. Neste sentido, podemos dizer que a expressão ilha da Ribeira Grande apresenta o nome da ilha como produzido a partir de uma enunciação descritiva. No segundo caso, o nome ilha de São Vicente, São Vicente é um nome de um santo que se atribui à ilha. Trata-se, assim, de enunciar um nome que toma a enunciação de um outro nome como sua parte. E deste modo articula a enunciação de um