circulação de uma via pública para destiná-la ao lazer das crianças, como vemos no trecho a seguir, algo interditado quando se trata de dar abrigo a quem não tem onde dormir:
– (...) eu tenho certeza que eu ... dei assim...uma vida nova como dizem..porque (...) como ...tem muita criança e não tem o lugar pra brincar... porque a nossa praça, você vê ela é pequena....e... eu consegui fazer... uma rua de lazer... fechar a rua... ali da esquina da Aurora até a rua Vitória... para as crianças brincarem... (...) ... aí começaram a vir crianças maiores não é… jogar bola... sabe? porque foi uma festa... jogar bola e as crianças pequenininhas andando lá naquele triciclinho... então eu consegui trazer um palhaço, Dunga.... ah... uma Missa Campal... (...) comecei a trazer, assim, pessoas amigas que... eu convidei, que vinham cantar... e com isso a Praça começou a descer gente que nunca desceu... senhoras idosas, senhores idosos vinham sentavam nos bancos... a Praça... e eu... comecei a tirar fotos... dos eventos... mesmo que não tivesse as crianças brincando, a gente conversando.
Podemos ilustrar o que foi dito no seguinte quadro:
Temos, de outro lado, os que de uma ou outra forma transgridem essas fronteiras, ou porque moram onde não devem (os moradores de rua no espaço público) ou como não devem (os “sem teto” em moradias privadas, mas sem serem proprietários ou pagarem aluguel), ou fazem o que não devem no espaço público (cozinhar, dormir, fazer sexo). É essa percepção dos sujeitos e do espaço em que eles se inscrevem, através das atividades nele realizadas, um fator determinante no modo de significar os que o habitam:
moradores
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moradores (pessoas, população) de rua vendedores ambulantes (camelôs) homossexuais (travestis, ‘drag queens’) invasores, ocupantes |
b) habitar
Essa desagregação das fronteiras entre público e privado que afeta a percepção do espaço analisado mostra-se também pela grande instabilidade na designação do