A equiparação entre relações de heterossexuais e homossexuais permite uma mudança de inscrições de discursos e sentidos sobre uma série de questões, como o amor, o casamento e os homossexuais na sociedade norte-americana, já que novos discursos e sentidos são postos em circulação e juridicamente aceitos. Logo, os sujeitos têm outras (novas) condições de produção acerca dos grupos LGBT, assim como sentidos que passam a ser compreendidos e aceitos no espaço social, pois outras relações afetivas e sexuais passam a circular como passíveis de serem classificadas como relações matrimoniais. A mudança política que envolve todo esse processo afeta as relações sociais e a própria maneira como os sujeitos que não são heterossexuais atribuem sentidos a si mesmos.

O entendimento aplicado pela lei DOMA, na qual relações entre casais homossexuais não eram reconhecidas como equivalentes a dos casais heterossexuais, não é exceção no mundo. Existem registros de práticas discriminatórias contra os homossexuais em inúmeras sociedades e contextos sócio-históricos, o que naturalizou os sentidos de que ser homossexual é algo errado, ligado ao pecado, à doença, ao crime e à imoralidade (BORRILLO, 2010; MOTT, 2001, 2006; SOARES, 2005).

A legitimação do sentido de que as relações amorosas e/ou sexuais devem ser heteronormativas gera uma série de processos que buscam excluir dos mais variados campos (amoroso, jurídico, religioso, etc.) outras possibilidades de relacionamentos. Com a mudança na legislação, outros discursos e sentidos são postos em jogo, motivados por mudanças que dialogam com reivindicações de uma série de grupos que buscam romper sentidos estabilizados para inscrever e fazer circular outros discursos e novas significações ao movimento LGBT. A mudança que tornou a lei DOMA inconstitucional foi celebrada por uma série de empresas e instituições, entre elas, o Google que, para comemorar a decisão, promoveu o seguinte evento: a caixa de pesquisas sofria transformações quando eram buscadas palavras, em inglês, relacionadas ao universo LGBT começando por ficar envolta nas cores do arco-íris. Isso permite estabelecer a relação com discursos outros, com a memória discursiva que nos oferece condições de associarmos essa transformação a esses sujeitos, já que historicamente, essas sete cores estiveram relacionadas aos dizeres de reivindicação dos homossexuais.

A alteração do espaço de busca do Google e sua comemoração contra a DOMA inscrevem sentidos que acreditamos serem interessantes para analisarmos a partir da perspectiva da Análise do Discurso de filiação francesa (AD). Nesse sentido, para