Quando os espaços se fecham para o equívoco


resumo resumo

Suzy Lagazzi



linguagem” e “sujeito da ideologia”, tentando discernir “as relações entre a “evidência subjetiva” e a “evidência do sentido””. Isso significa que se afastar da subjetividade psicológica como princípio explicativo é necessariamente tomar a “evidência subjetiva” na relação com a “evidência do sentido”, buscando as determinações históricas ao invés de contingências que afetam indivíduos em seus gestos e em suas vidas.

Retomo Pêcheux (1990a) para reafirmar a força da trilogia subversiva Marx-Freud-Saussure no “desafio intelectual” de colocar “em causa as evidências da ordem humana como estritamente bio-social”:

 

Restituir algo do trabalho específico da letra, do símbolo, do vestígio, era começar a abrir uma falha no bloco compacto das pedagogias, das tecnologias [...], dos humanismos moralizantes ou religiosos: era colocar em questão essa articulação dual do biológico com o social (excluindo o simbólico e o significante). Era um ataque dando um golpe no narcisismo (individual e coletivo) da consciência humana [...] um ataque contra a eterna negociação de “si” (como mestre/escravo de seus gestos, palavras e pensamentos) em sua relação com o outro-si.” (p.45)

 

Focar a insensibilidade do social pelo viés das contingências que afetam a vida dos indivíduos é uma maneira de ceder às tentações estabelecidas por Pêcheux no que diz respeito ao equívoco, já que as determinações históricas ficam reféns de intenções subjetivas, localizadas no espaço de um humanismo que oscila entre o bem e o mal.

 

Bibliografia

GADET, F. e HAK, T. Por uma Análise Automática do Discurso. Uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Unicamp, 1990.

HENRY, P. Os fundamentos teóricos da “Análise Automática do Discurso” de Michel Pêcheux (1969). In: Por uma Análise Automática do Discurso. Uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Unicamp, 1990.

LAGAZZI, S. O recorte significante na memória. Apresentação no III SEAD – Seminário de Estudos em Análise do Discurso, UFRGS, Porto Alegre, 2007. In: O Discurso na Contemporaneidade. Materialidades e Fronteiras. F. Indursky, M. C. L. Ferreira & S. Mittmann (orgs.). São Carlos: Claraluz, 2009. p.67-78.

___________ A materialidade significante em análise. In: A Análise do Discurso e suas Interfaces. L.V.Tfouni, D.M.Monte-Serrat, P.Chiaretti (orgs.). São Carlos: Pedro & João, 2011a. p.311-324.

___________ O Recorte e o Entremeio: condições para a Materialidade Significante. In: Análise de Discurso no Brasil: pensando o impensado sempre. Uma homenagem a Eni Orlandi. E.A.Rodrigues, G.L.Santos, L.C.Branco (orgs.). Campinas, RG Editores, 2011b. p. 401-410.