Discurso urbano e enigmas no Rio de Janeiro: pichações, grafites, decalques
Bethania Mariani Vanise Medeiros
(enigma),ao circular por outros e inesperados espaços da cidade,promoveessegestodo dissenso. Ela denuncia neste fora do lugar o sem-lugar que faz parte da cidade, ainda quesuaassinaturapossa ser ado Estado.As condiçõessociaisoutras a fazem estranhar num possível efeito de denúncia das contradições do Estado.Por outro lado, noslembra Calvino (1993),“A memória é redundante; repete os símbolos para que a cidade comece a existir”. As pichações se repetem para que possam existir.E com elas os decalques que metaforizam a cidade... Em ambas, o sujeitoem suaerrânciase inscrevepara dizeralgo.
4. Em branco...
Fotografia6 (foto deBethaniaMariani em 18 de setembro de 2014)
Tempos depois, o murocom suas pichações e decalqueséreformado epintado de branco. Instado pelopragmatismo das técnicas urbanas, o branco cobre o muro apagando a materialidade que láseinscrevia num gesto desilenciamentodo heterogêneo quecompõe a cidade.E expõe a contradição do discurso das técnicasde urbanidade: opera no suposto consenso (de que falamRancièreeOrlandi) que tentafazer calar asfricçõesquecompõema cidade; maso branco no muronão apaga os vestígiosdos sujeitosque lá se inscreviam.