Produzindo o sentido de um nome de cidade


resumo resumo



estabelecido, ou seja, ter performativamente estabelecido, São Sebastião como padroeiro da cidade. Esta é uma tensão de sentido que se mantém e que leva a não se considerar o epíteto como algo fixado para o sentido. Assim o sentido do nome próprio fica aberto a todo um trabalho de determinações (atribuições de sentido) que continuam operando por novos e constantes acontecimentos de enunciação.

Tomemos um exemplo atual. Num site de uma companhia de serviços turísticos[6] encontrei no dia 14 de agosto o seguinte:  “Pensou Rio de Janeiro, pensou na cidade do carnaval. Pensou samba, sol, cálida hospitalidade, cores, e uma genuína atmosfera de férias. ” Aqui, claramente, se vê construir uma nova determinação de sentido, Rio de Janeiro – cidade do carnaval.

Muito importante em tudo isso é que esta análise mostra como os sentidos se constituem nos acontecimentos e que a história destes acontecimentos de enunciação podem estabilizar ou não certas determinações de sentido. Este resultado de análise, e outros assemelhados, podem contribuir de modo muito particular para a reflexão sobre a relação da enunciação com a língua, constituída enunciativamente como um sistema de regularidades linguísticas. No caso presente, como dissemos antes, cidade maravilhosa -|Rio de Janeiro é uma determinação estabilizada pela história de enunciações em que aparece a relação entre as expressões Rio de Janeiro e cidade maravilhosa. Esta história de enunciações afeta esta determinação, diferentemente de tantas outras (apositivas ou não), que possam afetar, em textos diferentes, o sentido do nome Rio de Janeiro.

 

Bibliografia

GUIMARÃES, E. (2002) Semântica do Acontecimento. Campinas, Pontes.

GUIMARÃES, E. (2011) “Em Torno de um nome próprio de cidade. Sobre a produção dos sentidos de uma origem”. Cadernos de Estudos Linguísticos, V. 53, n. 2, Campinas, DL-IEL, Unicamp.

GUIMARÃES, E. (2012) “Aposto e nome próprio”. Entremeios, 5. Pouso Alegre, Pós-graduação em Ciências da Linguagem, Univás.

GUIMARÃES, E. (2013)Enunciação e Sentido: Em Torno de Nomes de Próprios”. Conferência no Encontro Semântica e Enunciação, IEL, Unicamp.

RIBEIRO, J. (1900) História do Brasil. Curso Superior. Rio de Janeiro, Livraria São José.

SALVADOR, Frei V. de (1627) História do Brazil (1500-1627). Curitiba, Juruá, 2011.