Revista Rua


Segregação e invenção na cidade: uma entrevista com Barba nos jardins do Museu de Arte Moderna - MAM/ RJ
Segregation and inventiveness in the the city: an interview with Barba at the gardens of The Museum of Modern Art - MAM/ Rio de Janeiro

Adriana Fernandes

Que cara que eu vou levar os cara lá tudo bêbado?
A: Não dá [risos].
B: Ah, não deu. Levei eles até lá. Foram passear em Madureira. Nós fomos passear em Madureira, depois fomos passear em Oswaldo Cruz, depois vamo embora. Como é que eu vou levar vocês com um bafo de cachaça no dentista!
A: É, não dá, o dentista não vai aceitar não [risos].
B: De manhã cedo, ô, brincadeira. Com bafo de cachaça, vou falar pra senhora. A boca aberta na cara da pessoa. Logo cedo.
A: Meio brabo.
[Risos]
B: Mas aí eu vou lá, lá é certinho, é só chegar, tirar o molde, pra esse dente quebrado aqui, pá. Faz uns dois meses que a dentadura, muita gente, lá é uma área muito pesada, Oswaldo Cruz, Madureira, Deodoro, tudo é lá.
A: Concentra.
B: Muita coisa moçada, muita coisa moçada. Fila daqui e lá ó. De graça. Eu consegui lá porque eu trabalhei num ferro velho lá e o cara do ferro velho é espírita. Aí ele conversando comigo me ajeitou lá, mas eu também não abusei da chance não. Não vou mentir pra senhora, dormi lá na porta, botei o colchonete. Ah, vou furar a fila de ninguém. Pessoal tudo necessitado. E lá é mulher grávida, é cara com problema de coração, e ela telefona pra ambulância, internar o cara aqui, então o negócio é agitado.
A: É mesmo? E atende legal assim?
B: Atende legal, [diz o nome da deputada, mas inaudível], vou falar pra senhora, tô pra ver um atendimento igual aquele. E não tem negócio de espera um pouquinho, se você chegar com um remédio ela olha no remédio, pow pa pow [fazendo gestos como que discando os números em um telefone], esse mesmo? Mete a mão no telefone, telefona pra farmácia, que é do...
A: Também consegue o remédio?
B: Remédio também. Porque tem remédio aí, vou falar pra senhora, tem remédio aí que é difícil conseguir. Difícil não, muito caro, e ela tem um conhecimento com o pessoal da Marinha, a Marinha fabrica muito remédio bom, lá em Itaipu, na Colônia, a gente só usa remédio deles. Remédio pra pressão, remédio pra cachaceiro, remédio pra “bolsite”, pescador tem muita “bolsite”, remédio pra dor de cabeça, remédio pra senhora grávida, não é remédio muito assim, porque senhora grávida não pode usar muito remédio, pelo menos pra cólica, pra essas besteirinhas tem.
A: Enjôo.