Revista Rua


Cidades de vidro: das galerias de vidro parisienses às galerias das câmeras de vigilância
Glass cities: from the parisian glass galleries to the surveillance cameras galleries

Eliana Monteiro

No caso específico do uso das câmeras de vigilância, o espetáculo se configura no deslocamento da lente do ângulo frontal dos personagens, envolvidos na cena, para um ângulo geral capaz de dar visibilidade à ação privilegiando, deste modo, o fluxo dos corpos e suas ações e não suas identidades.
Há, porém, aqueles malfeitores e foragidos que, ao tomarem consciência da existência das câmeras, encenam para as suas lentes ações do mais alto grau de  exibicionismo. Anderson Pereira do Nascimento de 27 anos é um desses casos. O rapaz, segundo a reportagem (ASSALTANTE..., 2007, p. 17) cujo título é Assaltante exibicionista é preso, acompanhado do subtítulo criminoso sorria para circuito interno de TV, vinha sistematicamente assaltando uma rede de drogarias na cidade do Rio de Janeiro e tinha como hábito, a cada assalto, mostrar sorrindo a sua arma para as câmeras de vigilância do circuito interno dos estabelecimentos. Nascimento, por deixar-se identificar, acabou preso.
 
Foto de Luciana Villela
As imagens gravadas do assaltante e sua arma
 
 Esse fato nos leva a observar que alguns indivíduos, ao tomarem consciência de que seus movimentos estão sendo registrados pelas lentes das câmeras de vigilância, são capazes de encenar através de uma estética corporal (sorrir e mostrar a arma) um espetáculo privado produzido especialmente para os olhos daqueles que os observam.