Qualquer que seja a hipótese do estranhamento, o certo é que essa imagem traz, nas bordas de sua representação, uma dispersão histórica e, como é comum ocorrer nesses casos, terminou esquecida das análises de imagem produzidas no Brasil. Apesar do reconhecido empenho de muitos pesquisadores da história da fotografia brasileira
[7] em sistematizar, teorizar e fazer circular as imagens produzidas em solo nacional ao longo do século XIX, esta fotografia tão impactante permaneceu absolutamente esquecida por entre as representações imagéticas do período oitocentista, e, de maneira específica, entre as demais fotografias que compõem a coleção Francisco Rodrigues.
Grosso modo, priorizou-se a leitura de imagem da ama-de-leite clássica: mulher negra com criança branca no colo, atitude que reforça certa unilateralidade de sentido. Neste artigo, nosso esforço de análise é “(...) saber reconhecer os acontecimentos da história, seus abalos, suas surpresas, as vacilantes vitórias, as derrotas mal digeridas, que dão conta dos atavismos e das hereditariedades (...).” (FOUCAULT, 2006: 19).