Revista Rua


Apresentação Rua 18 Volume 1

Neste décimo oitavo número da revista Rua, encontramos diferentes modos e formas de compreender processos complexos de significação do homem na história (no espaço, na língua). Compreensões que mobilizam diversas ancoragens analíticas e referenciais teóricos na incansável busca de mostrar as tensões e contradições constitutivas das relações sociais. Em Ordem e organização: algumas questões sobre razão e silenciamento na cidade, Fábio Ramos Barbosa Filho, tomando o discurso do saber urbano especializado no “jogo de (ex)tensões entre a fala da ciência e a fala jurídico-administrativa”,  trata da configuração daquilo que designa “espaço periférico”, mostrando seu silenciamento nos dizeres sobre esse espaço nos discursos do planejamento, da organização, do ordenamento. Por sua vez, André Luiz Joanilho e Mariângela Peccioli Galli Joanilho, no artigo A produção dos sentidos da nacionalidade: um estudo sobre práticas discursivas na Primeira República (1889-1930), refletem sobre práticas discursivas que constituem a identidade nacional em artigos e outros textos produzidos por educadores, médicos e jornalistas que refletem as ideias raciais geradas pela elite cultural do período em jornais de grande circulação desse período. Em Derivas de sentido no discurso sobre a solidariedade na Feicoop, André Luís Campos Vargas avança sobre o processo de significação de solidariedade observando que ela significa efetivamente uma prática social que implica uma outra economia mas não só, justo por trabalhar com relações parafrásticas e efeito metafórico. Por seu lado, Débora Massmann, em seu artigo A homoafetividade no discurso jurídico, apresenta processos de significação que sustentam as novas formas de nomear as relações entre pessoas do mesmo sexo, ao tomar a opacidade da designação homoafetividade construída no discurso jurídico. Trabalhando com o estético, em A Farsa e El-Rei Junot, subversão e decadência, Débora Renata de Freitas Braga e Otávio Rios, mapeiam o percurso genético das obras A Farsa e El-Rei Junot , explorando o teor de subversão da escrita brandoniana, por meio das epístolas trocadas entre Raul Brandão e Teixeira de Pascoaes, questionando não só o que é um texto literário, a autoria de um texto literário, mas sobretudo no que implica um texto literário em termos de sua inscrição no social. Ainda na esfera de compreensão do estético e o social, encontramos em Jornal e poesia: o Alencar espelhado no discurso da língua, de Atilio Catosso Salles, percursos de sentidos da posição sujeito-articulista em face de algumas formulações poético-literárias, a partir de análises de jornais do século XIX que circularam em Cuiabá-MT. De seu lado, Leni Ribeiro Leite, em Reescrevendo espaços: VRBS e natureza nas Silvae, aproxima o leitor de uma fina análise que trabalha, ao mesmo tempo, os processos de resignificação de uma poética e a dicotomização entre o espaço urbano e o espaço natural nas continuidades e rupturas entre Estácio e os seus modelos genéricos. Olhando para os “olhares” sobre a cidade, Aline Gama de Almeida e Alberto Lopes Najar suspendem a evidência de “Cidade Maravilhosa”, “Cidade Partida” e “favela”, trabalhando com sua dispersão, em Cidade Maravilhosa e Cidade Partida: notas sobre a manipulação de uma cidade deteriorada. Nessa direção de suspender as evidências, encontramos, em Denominação: um percurso de sentidos entre espaços e sujeitos de Greciely Cristina da Costa, o funcionamento discursivo da denominação, pousando seu olhar sobre “bairro”, “favela” e “comunidade”. Fechando a seção Estudos, Gabriel Schvarsberg apresenta o que chama de uma cartografia da cidade nômade que implica tempo e espaço na investigação de uma potência própria do movimento em seu artigo Sujeitos ambulantes: pistas para uma nomadologia urbana.

A Revista Rua apresenta em sua seção Artes uma seleção de canções do CD Pra tentar desamargar da banda DADÁ, formada por Daniel G. Stroppa (engenheiro) e Pedro Marcondes (bacharel em Imagem e Som), que se revezam nos instrumentos de cordas, Renan Villela (cientista social) nos vocais e Guilherme Faria (físico) na bateria e percussões. Em sua seção Resenhas e Notícias, além de alguns informes sobre as atividades realizadas no período de dezembro a junho de 2012 pelo Laboratório de Estudos Urbanos, encontramos a resenha Retorno a/de Pêcheux: uma tomada de posição frente à discursividade e ao modo de ler o mundo politicamente de Eduardo Alves Rodrigues sobre a terceira edição do livro Análise de Discurso - Michel Pêcheux, organizado por Eni Orlandi.


Número 18 - Junho 2012
ISSN 1413-2109/e-ISSN 2179-9911

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