um futuro sob ameaça. A ação presente, que é também política, tenta salvar um modo de vida conhecido, da desconhecida vida futura.
Para Bergamaschi (2010), os personagens passam então a realizar um trabalho de memória, evocando lembranças, imaginando um passado épico, uma “história grande” do Vale de Javé, com heróis forjados e requisitados pelos homens – Indalécio – e pelas mulheres mais ousadas – a Mariadina.
Alguns elementos participam dessa construção narrativa provocando lembranças, reminiscências... Podemos citar, como um elemento mítico fundante, o sino. Em todas as histórias narradas no filme, o sino aparece como o símbolo deste povo que anda a procura de sua terra prometida. Seguem pistas de vários tipos, sempre com mistérios que só o líder pode compreender. “O povo de Deus no deserto andava...” Uma letra de música me vem à memória... O povo de Javé, assim como o povo de Deus, andava muito à procura desta terra especial, prometida. O sino segue e cada contador o carrega com os meios de transporte que imagina/possui. Primeiro o sino é transportado em um carro de boi, depois em um andor e por último em um carro. Progresso, evolução dos meios de transporte que também evidenciam o processo da tecnologia que constrói barragens para produção de energia elétrica e para isso inunda o povoado e sua obras, suas memórias. Entretanto a memória é resgatada pelas histórias, ou, parcialmente resgatada.
Acredito que é importante dizer que história e memória são construções e ocorrem num campo de disputas como bem mostra o filme, em que cada família, cada