Em um discurso da Administração Pública[1], é o processo pelo qual algumas áreas que já passaram por um desfavelamento sofrem. Ou seja, favelização é a degradação de antigos loteamentos populares. Estes começam a se tornar áreas de favelamentos. Contudo, por meio de ações da administração pública, esses lugares voltam a ser residenciais de baixa renda ou residenciais de interesse social, deixando de ser favelamentos. Já a Wikipédia[2] define favelização como “fenômeno social que ocorre em centros urbanos em que há o crescimento e proliferação das favelas em quantidade e em população, eventualmente associado à transferência da população local de moradias legalizadas para conjuntos urbanos irregulares”. Diferentemente da concepção da Wikipédia, no discurso da Administração Pública, o processo de favelização não ocorre em áreas urbanas irregulares, mas sim em áreas já legalizadas pela prefeitura. A Wikipédia traz também que o fenômeno da favelização ocorre em “grandes metrópoles de países subdesenvolvidos”. No estudo intitulado Pobreza e precariedade do habitat na América Latina[3], mostra-se que a precariedade é maior nas periferias das cidades do interior que, em sua maioria, não chegam a “receber ajuda federal”. Dessa maneira, aponta o estudo que áreas não centrais também sofrem um processo de favelização. Em Periferia e favelização avançam nas grandes cidades da América Latina[4], temos que “o problema das favelas ou da periferização não é exclusivo das metrópoles ou mesmo das cidades, também no meio rural existem locais com péssimas condições de moradia”. Além de ser algo que se passa no espaço urbano, conforme Jorge, o processo de favelização também pode ser observado no campo.
Assim, a favelização é um processo que se passa no espaço da cidade e do campo em que há a transformação desse espaço em áreas sem infra-estrutura e recursos para os sujeitos que ali vivem. Os dizeres sobre o processo de favelização são permeados por um discurso da administração pública – que tenta organizar as cidades para que estas sejam lugares “sem favelas” – por um discurso econômico-social – que aponta para uma carência de recursos financeiros dos sujeitos que vivem no espaço de favelização, de favelamentos – por um discurso da legalidade – indicando que o processo de favelização pode passar em áreas irregulares (no interior de um discurso da administração pública) ou em áreas legalizadas (também no interior de um discurso da administração pública).
[1]Conforme vemos no site da prefeitura de São José do Rio Preto (www.riopreto.sp.gov.br).
[3]Elaborados por Cepal (Comissão Econômica para América Latina). Em www.eclac.org. Acesso em 28 de Outubro de 2010.
[4]Texto de Wanda Jorge. Em www.cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v57n2/av57n2.pdf. Acesso em 28 de Outubro de 2010. Wanda Jorge possui graduação em jornalismo pela Faculdade Casper Líbero e especialização em jornalismo científico pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente é Editora da Universidade Estadual de Campinas e Membro de corpo editorial da Ciência e Cultura (SBPC).