A palavra “invasão”, tal como ocupação, passou a fazer parte de um léxico social a partir de movimentos sociais que passaram a existir pela busca de espaços próprios de trabalho e de habitação no final do século XX. Neste sentido, a invasão, ação de entrar em lugar proibido, passa a significar não esta ação, simplesmente, mas este lugar, enquanto invadido, no qual um grupo social se instala para trabalhar ou viver. Esta palavra pode ser vista neste sentido em uma frase como, retirada de um texto produzido por morador de um lugar assim denominado:
“Eu moro no X há 4 anos, uma invasão que ganhou fama e respeito pelas passeatas e pelo povo guerreiro e lutador que aqui vive.”
“Eu moro em Campinas, numa invasão que se chama X...”
Nas duas frases, X é o nome do bairro, este era o assunto sobre o qual se escsrevia, de quem fez o texto. Vê-se, então, como a palavra invasão entra numa região de sinonímia com a palavra bairro. Assim a invasão é um bairro e não exatamente isso.
Esta palavra é uma, entre muitas, que marcam a vida política contemporânea de modo particular. Não só por significar uma ação política de reivindicar um espaço de trabalho ou de vida, mas pela ação mesma de ocupá-lo. E assim assumi-lo para viver, mesmo com o risco de ser retirado do lugar. Este processo acaba por produzir um novo nome de espaço, invasão, que não é mais a ação de entrar em um lugar proibido, mas é estar no lugar conquistado, mesmo que o nome produza o sentido do instável.