É comum atualmente nos depararmos com notícias sobre assassinatos, tráfico de drogas, etc que dizem que nem todo morador das “favelas” é marginal, que a população dessa “comunidade” é predominantemente honesta. O sentido de “marginalidade” significa o conjunto de ações não honestas, não legais praticadas por aqueles que vivem de práticas criminosas. Um aspecto interessante do sentido desta palavra é que ela pode dizer o que é inaceitável como prática social, mas também pode funcionar para separar a questão social da criminalidade daquilo que identifica pessoalmente alguém como um criminoso. Pode-se dizer que uma pessoa “vive na marginalidade porque não tem condições de se sustentar”. Ou seja, pode-se viver na marginalidade sem que se seja, efetivamente, um criminoso, alguém desonesto. Com a palavra marginalidade pode-se operar uma divisão entre uma prática e uma “essência” pessoal, como se esta essência existisse. Este tipo de questão está ligado a algo inverso ao que apresentamos acima a respeito da justificativa de que nem todas as pessoas de uma favela são marginais, como no caso do assassino que não é tratado como marginal, pelo simples fato de que é de um grupo social não significado ideologicamente como marginal. Lembremos o caso do assassinato acima colocado e mesmo da corrupção. O interessante no acompanhamento destes processos envolvidos na significação das palavras é poder seguir o modo pelo qual se dá a disputa pelos sentidos na sociedade.