O mundo não para, o tempo não para, a vida não para.
Pessoas caminham pelas ruas da cidade
Com tanta pressa e distração
Que não percebem que em sua volta
Existe um mundo que transborda
De beleza e ansiedade
À espera de um coração
Que aproveite cada momento
E cada passo de seu caminho,
Que não se perca com o vento,
Em uma vida mesquinha
De coisas banais e de tormento.
O mundo anseia por vidas vívidas,
E não pessoas pífias,
Caminhando todos os dias
Com os mesmos objetivos
De manter o capitalismo.
Onde está o romantismo?
Onde está o prazer de viver?
As pessoas só olham para frente,
Com o foco definido
Ou com o olhar perdido
Sem vontade de vencer.
É preciso deixar-se levar pelo céu estrelado
Sentir o arrepio trazido pelo ar que passa gelado
Nesta noite fria de maio.
É preciso olhar para os lados,
Olhar nos olhos e sentir a presença das almas.
É preciso sentir o perfume
Exalado pelas flores
Dos jardins bem cuidados das casas da cidade iluminada.
É preciso viver com toda nossa vontade...
A vida. Ah, a vida!!!
Ela passa num instante.
Quando a nossa luz se apagar
E nosso olhar, enfim, se fechar
Não teremos outra oportunidade
De aproveitar.
Então, vá agora!
Vá deliciar-se com a maravilhosa vida que Deus lhe deu!
E não se esqueça, meu amigo:
O mundo não para, o tempo não para,
A vida não para.
Por isso, reinvente os sentimentos e os momentos
Reinvente a vida.
Reinvente-se e viva!
O movimento do silêncio e das vozes
Ariana da Rosa Silva
Ir e vir.
O fluxo intenso do trânsito:
Carros, ônibus, motos, pedestres
Que transitam pelo mesmo caminho.
É um ir e vir constantemente inconstante
De respiração ofegante
Da agitação inquietante
Que acelera corações de quem caminha sozinho
Que mesmo em companhia, sente-se fora do ninho
Nos seus pensamentos, sentimentos
Que trazem insanidades e tormentos
Diante de um mundo em trânsito.
Então, neste momento,
Parece que tudo na cidade
É feito de movimento.
Silenciando as almas
Que vivem ali dentro.
Sobre a autora e sua obra.
Sou graduada em Letras (português/literatura) (UNESA), especialista em Leitura e Produção Textual (UNESA), mestra (UFF) e doutoranda em Estudos de Linguagem (UFF). Desenvolvo pesquisa no âmbito dos estudos discursivos, filiada à Análise do Discurso de Michel Pêcheux, sobre discurso político, mídia, sujeito. Além disso, sou professora da Rede Estadual do Rio de Janeiro e também da Rede Privada de Ensino, lecionando para Ensino Fundamental e Médio.
A linguagem e a poesia sempre foram minhas paixões. Ler e escrever poesia é uma forma de pensar sobre a vida de forma lúdica, de significar o mundo que nos cerca e de nos significar no mundo. Os poemas “O mundo visto da janela” e “O movimento do silêncio e das vozes”, deixam ver os sujeitos que estão imersos nesta sociedade contemporânea. Esses sujeitos investem seu tempo quase exclusivamente em favor dos interesses do mercado e do capitalismo e se esquecem de viver. Estamos todos inseridos nesta condição, em uma sociedade acelerada e conturbada, e o que se vê, de qualquer janela, são pessoas que atropelam seus sonhos em troca de sobrevivência, assim, suas vozes são caladas e o que se ouve é o silêncio da vida. Talvez, com esses poemas, eu consiga despertar alguém de volta para o mundo dos sonhos e das possibilidades que a vida oferece, pois como nos disse Cecília Meireles: “A vida só é possível reinventada”.