Adaptação e resiliência do espaço comercial de rua: A 25 de março


resumo resumo

Gabriela Krantz Cesarino
Valter Luiz Caldana Junior



“Tem madame que fala que não vem, mas vem.”

“O público quis mais diversidade, e a gente teve que ir atrás.

(Solange Chohfi, entrevista à Folha de São Paulo, 2012.[1])

No bojo da discussão sobre as transformações recentes das nossas cidades, urbanistas e estudiosos afins avaliam, negociam e propõem novos projetos, novas articulações socioeconômicas e novos modelos de sustentabilidade. Os processos de reinvenção do lugar e de promoção da novidade enquanto mote das transformações contemporâneas são certamente enriquecidos pelo maior domínio da história e pelo conhecimento das permanências que se observam nos lugares urbanos. Utilizando de uma perspectiva histórica, propõe-se aqui compreender a dinâmica espontânea e a capacidade de adaptação que determinadas configurações urbanas apresentam, à revelia dos altos e baixos que influenciam a conformação da cidade. Em breve análise, percorreremos aqui os processos que trouxeram transformações e aqueles que preservaram as características da rua 25 de Março, consolidando-a como o maior “shopping a céu aberto” (site da rua 25 de Março[2]) da América Latina.

Como contexto, notamos que desde a abertura do século XXI, a cidade deixa definitivamente de ser o palco e passa a ser protagonista na organização da vida humana. A partir de então, antigos conceitos se renovam e novos conceitos se agregam às definições e qualificações dos espaços urbanos. Inserem-se assim à dinâmica de produção da cidade, conceitos como adaptação, permanência, resistência, especialização, vitalidade, pertencimento. Quando associados aos ambientes, áreas ou fragmentos urbanos de grande significado na complexidade das metrópoles, tais conceitos devem hoje ser tratados de modo integrado, demandando novas reflexões e maior aprofundamento. A sedimentação de novos conceitos e reflexões, à luz das características inerentes ao fenômeno urbano contemporâneo, solicita revisão, atualização ou mesmo substituição destes, em processo que auxilie na compreensão das novas formas urbanas. As formas da metrópole polinucleada e multifuncional que se prepara para assumir, nos próximos anos, identidade de macro metrópole ou mesmo de megalópole.

Constata-se nesse momento, a necessidade de revisão ou, mais precisamente, de reaproximação do instrumental metodológico e do universo conceitual, para observação do aparente paradoxo entre a dinâmica e os resultados do desenvolvimento urbano. Os números crescentes – de população, de produção, de fluxos – que compõem o fenômeno metrópole, nos levam à revalorização das características locais, de setores particulares e de fragmentos urbanos, que assumem cada vez mais sua força qualitativa e seu papel protagonista na articulação das atividades da cidade. Assim sendo, se torna obrigatório lançar o olhar – ao mesmo tempo crítico e aprendiz – para essas características locais. Características que se sobressaem e que definem as possibilidades de sobrevivência e continuidade das atividades e dos arranjos produtivos tradicionais, principalmente daqueles que ainda não foram inteiramente submetidos aos avassaladores processos do desenvolvimento metropolitano globalizado.

É neste contexto que surge a utilização contemporânea dos conceitos de resiliência e de seus derivados, que serão objeto de análise deste artigo. Para tanto, propõe-se aqui um breve estudo da rua 25 de março em São Paulo, que se apresenta como fenômeno de grande amplitude e bastante adequado para esta reflexão.


Resiliência e adaptação


Com origens nos campos da física e da psicologia, o conceito de resiliência foi introduzido na ecologia nos anos 1970, sendo consequentemente utilizado em vários outros campos de estudo. Tal conceito tipicamente remete à capacidade de um material em retornar a seu estado original, após sofrer pressões que o transformam. Para os geógrafos e urbanistas, o uso do termo é relativamente recente e representa o processo de adaptação que um determinado fenômeno urbano sofre com as mudanças que ocorrem na cidade. Mais recentemente, alguns autores têm batizado este processo de “resiliência adaptativa”. Tal conceito remete a um determinado fragmento urbano, que uma vez exposto à pressão transformadora, serve-se de sua própria energia para adaptação reativa, reafirmando assim suas características essenciais. Assim, o processo de “resiliência adaptativa” caracteriza-se pela transformação que, de alguma maneira, preserva a individualidade do lugar. Susana Pacheco propõe que:

“O debate atual em torno do espaço comercial como elemento fundamental à própria existência da centralidade nas cidades admite pensar em resiliência no sentido lato do termo, mais além de resistência e sim em termos de capacidade de adaptar e produzir em contextos de mudanças ou impactos diretos na economia urbana, na imagem da cidade e no comportamento dos cidadãos” (PACHECO, 2012, grifos nossos).

Lembramos que resiliência não é um conceito uno, composto de um só significado, mas sim um conceito composto, de natureza múltipla e que considera o dinamismo dos fenômenos urbanos. A análise aqui proposta confirma a relação intrínseca entre os processos de adaptação na restruturação econômica dos espaços comerciais urbanos e a sua resiliência, ou a habilidade de um sistema urbano em “[...] aprender e adaptar-se a mudanças circunstanciais súbitas ou graduais, recobrando sua estrutura sistêmica e cultural” (DAHLMAN, 2011, tradução nossa). Vale lembrar que o conceito de resiliência precisa ser colocado em contexto: “Resiliência do que com relação ao quê?” (WALKER et All, 2004, tradução nossa) e também que “resiliência é um processo, não um resultado” (QUINLAN, 2014, tradução nossa).

Em recente revisão dos conceitos de resiliência, Meerow, Newel e Stubbs (2016) aprofundam a discussão, distinguindo dois caminhos para compreender-se o termo. O primeiro caminho (denominado genericamente de Engineering Resilience) apresenta a resiliência como um “estado único de equilíbrio ou de estabilidade a ser revertida pelo sistema após sofrer perturbação” (MEEROW et All, 2016, tradução nossa). O segundo caminho, proposto por Holling em 1973 e que se aproxima da definição adotada por nós neste artigo, define resiliência como “a capacidade de um sistema ecológico em continuar funcionando – ou persistindo – quando transformado, mas não necessariamente mantendo-se o mesmo” (MEEROW et All, 2016, tradução nossa). Ainda no estudo de Meerow, os autores observam que o conceito de resiliência tem sido largamente discutido, mas que poucos estudiosos propõem definições originais, ainda que a resiliência seja quase sempre vista como um conceito positivo, que traduz qualidades desejáveis, que contribuem para a sustentabilidade dos sistemas urbanos.

Assim como levantado por Walker (2004), Meerow reinforça a necessidade do questionamento sobre o estado original a que se deseja retornar: “Resiliência do quê para o quê? Resiliência para quem?” (MEEROW et All, 2016, tradução nossa).



Considerando esses questionamentos, os autores propõem então que se defina:


“Resiliência urbana como referência à habilidade de um sistema urbano – e todos os sistemas sócio-ecologicos e sócio-técnicos que o constituem através das escalas temporais e espaciais – em manter ou rapidamente retornar às funções desejadas, quando se deparam com uma perturbação, em adaptar-se a mudanças e rapidamente transformar os sistemas que possam limitar sua capacidade de adaptação atual ou futura.” (MEEROW et All, 2016, tradução nossa).


A observação das transformações da Vinte e Cinco de Março, rua que se insere no centro de um sistema urbano bastante complexo, onde inumeráveis atores compõem o dinamismo característico da metrópole paulista, se mostrou adequada para o entendimento das novas concepções de resiliência urbana. As tensões conceituais entre os diferentes posicionamentos quanto à noção de equilíbrio, ao conceito de urbano, a compreensão do que seja adaptabilidade e os diferentes caminhos para atingir a resiliência estão ainda em aberto. O que nos parece inquestionável é a necessidade de se estender a avaliação dos processos no longo prazo e incluir os diferentes atores que direta ou indiretamente fazem parte dos processos de transformação das cidades.


A rua 25 de março hoje

Partiu-se aqui do pressuposto que a rua 25 de Março é uma exceção ao processo contemporâneo de esvaziamento dos centros tradicionais e do transbordamento das áreas comerciais centrais para outras localidades, pois esta sofreu inúmeras adaptações e modificações, sem nunca perder importância durante sua longa história na cidade de São Paulo.

O consumidor da região da 25 de Março (SP TURISMO, 2015), bastante diverso, é hoje composto por 68% das Classes D e E[3], mas atrai também consumidores de outras classes sociais, como se vê na pesquisa divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo em 2010 (utilizando dados de 2009 e fontes TNS e UNIVINCO)[4]. Esta última reportagem do jornal indicava que o público da rua 25 de Março era então composto por 56% das Classes A e B e 44% das Classes C e D. Os resultados das pesquisas de 2015 e de 2009 acima apresentam conflitos quantitativos[5], no entanto, ambos apontam para uma significativa diversidade do público consumidor da região, caracterizando sua importância para os vários segmentos sociais da cidade.

Em 2010, o polo comercial da rua 25 de Março ocupava 18 ruas com 350 lojas, 3 mil stands e mais de 2.000 vendedores ambulantes, de acordo com o Infográfico do jornal O Estado de São Paulo[6]. A região que emprega diretamente mais de 60 mil pessoas, trabalhando em economia de escala, faturou 17 bilhões de reais em 2011, equivalente a um quinto do faturamento de todos os shopping centers do Brasil juntos (Folha de São Paulo, 2012)[7]. Ao atrair público consumidor de todas as classes sociais, as lojas da rua têm hoje o maior valor imobiliário da cidade, tanto para locação comercial, como para venda dos seus imóveis, superando inclusive outras importantes ruas comerciais, como a rua da moda José Paulino, a luxuosa rua Oscar Freire e a vibrante Avenida Paulista (OLIVEIRA, 2009). E esses números não são uma exceção histórica, pois a Vinte e Cinco tem se mantido à frente de todos os polos comerciais de rua por muito tempo (OLIVEIRA, 2009).

Alguns autores identificam a Vinte e Cinco como um exemplo de polo de “globalização econômica não hegemônica formada por mercados populares e fluxos de comércio que são, em grande medida, animados por gente do povo e não por representantes das elites” (RIBEIRO, 2010). Por um lado, essa definição confirma a importância e a vitalidade do comércio informal e de produtos ilegais ou ilícitos que se espalham por suas ruas e calçadas, e também por suas lojas tradicionais e pelas mais recentes galerias de produtos eletrônicos.

Como princípio elementar da disciplina imobiliária, localização representa o mais importante elemento de sucesso para qualquer centro comercial, sendo esse o primeiro fator relevante a ser ressaltado. A histórica localização da Vinte e Cinco na cidade, central e de fácil acesso (como se vê na Figura 1, que indica os vários nódulos de transporte público e o fácil acesso às avenidas principais de São Paulo e às rodovias intermunicipais) facilitou o transporte tanto para a chegada das mercadorias do estrangeiro, como para sua saída em direção às várias partes da cidade e, mais adiante, para todo o país e o continente. Apesar de sua proximidade às areas de inundação, sua localização em área plana beneficia o fluxo dos pedestres e naturalmente favorece alí a atividade comercial.

Figura 1: Mapa de Localização da rua 25 de Março.

Fonte: CET, 2013.[8]

A resiliência da rua ao longo de sua história conta com a participação ativa de seus lojistas e de seus ambulantes, que não hesitaram em acolher as variações nas tendências do mercado e os diferentes perfis dos consumidores que frequentam a rua, oferecendo opções de compra no atacado e no varejo; produtos brasileiros e importados; de luxo e imitações e - mais recentemente - trazendo produtos que acompanham o perfil mundializado, ou globalizado, de seu público. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo[9], o comerciante Marcelo Mouawad revela que a proximidade dos proprietários, gerentes e funcionários com o público consumidor lhes permite um “ajuste muito rápido” nos negócios, facilitando a identificação dos produtos mais procurados, os quais são então ofertados de acordo com a demanda corrente. Além disso, o contato pessoal habitual da região, permite ao comércio corrigir rapidamente os preços e adaptar-se às variações sazonais (O ESTADO DE SÃO PAULO, 2010).

Além de adequar as mercadorias oferecidas, a Vinte e Cinco também se adaptou aos vários fluxos de imigrantes e aos vários grupos sociais que ali trabalham e consomem. Ao longo de sua história, esta rua é um exemplo de resiliência, alcançada através de sua persistência – mantendo a fidelidade de seu público, através de sua capacidade transformativa – incrementando a oferta de acordo com os novos tempos e as novas demandas. Observa-se ali também sua capacidade adaptativa, com rápidos ajustes às transformações na cidade e nos mercados globalizados. A rua 25 de Março continua servindo a um público bastante heterogêneo, respondendo a demandas diversas, ao mesmo tempo em que provê oportunidades de trabalho aos diferentes grupos de imigrantes que chegam à cidade.

Por fim ressaltamos sua forte resistência à ação “revitalizadora” por parte do poder público, apesar das inúmeras propostas feitas ao longo dos seus 150 anos. Talvez sua vitalidade e sucesso falaram mais alto, e continuamente adiaram os projetos mais controversos que previam sua reabilitação, requalificação ou reinvenção.


Períodos da história da rua 25 de março


A análise histórica da Vinte e Cinco foi organizada aqui em cinco períodos distintos, de acordo com as mudanças que se verificaram no contexto urbano e socioeconômico da cidade, assim como os projetos de requalificação e as transformações que de fato ocorreram no espaço físico da rua. Os períodos, descritos a seguir, são: Formação, de 1865 a 1920; Consolidação, de 1930 a 1960; Expansão, de 1970 a 1980; Transição, de 1980 a 1990 e por fim Mundialização, de 1990 aos dias de hoje.

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Figura 2: Periodização Histórica da Rua 25 de Março.

Fonte: Desenvolvida pelos autores.[10]

Formação da Rua: 1865 – 1920


Surgindo como o Caminho das Sete Voltas, acompanhando o tortuoso curso do Tamanduateí, conhecido também por rua Baixa de São Bento, a partir de 1865 a rua assume seu nome atual 25 de Março, em homenagem à data de publicação da Primeira Constituição do Brasil (Prefeitura de São Paulo, 2014)[11]. Ali no pé do Caminho estava o Porto da cidade, em área alagadiça que servia ao transporte fluvial, mas também aos moradores da região, às lavadeiras e aos animais, como se vê na Figura 3.


Figura 3: Lavadeiras no Tamanduateí, 1910.

Fonte: Instituto Moreira Sales – Fotógrafo: Vincenzo Pastore[12].

Pelas águas do rio Tamanduateí chegavam canoas e batelões trazendo produtos das chácaras lindeiras e do litoral para o Anhangabaú, para o Mercado Grande e mais tarde para o agitado Mercado dos Caipiras, como se vê na Figura 4. Até o início do século XX as embarcações atracavam no início da Ladeira Porto Geral, onde hoje começa a rua 25 de Março. A partir de 1848 inicia-se a retificação das “sete voltas” do Tamanduateí (VERAS & OLIVEIRA, 2014) e em 1867 a estrada de ferro Santos-Jundiaí é aberta, ao mesmo tempo em que o Mercado dos Caipiras é inaugurado na esquina da rua 25 de Março (O Estado de São Paulo, 2013)[13]. A região, que contava com transporte fluvial, passa a ser servida também pelo trem, a partir da inauguração das estações da Luz e da Sorocabana em 1872 e 1901 respectivamente. Confirmando sua localização privilegiada, instaura-se definitivamente a atividade comercial como imo dessa região na cidade de São Paulo.

Figura 4: Mercado dos Caipiras, esquina com 25 de Março, circa 1910.

Fonte: Instituto Moreira Sales – Fotógrafo: Vincenzo Pastore.[14]

O Mercado dos Caipiras, reformado em 1907 e finalmente demolido entre 1938/39 é, aos poucos, substituído pelo novo Mercado da Cantareira. Este último foi construído em 1933, mas só é aberto com funções de entreposto comercial a partir de 1939 (AMARAL, 2009). Enquanto a cidade contava com apenas 32 mil habitantes (PREFEITURA DE SÃO PAULO, s.d.), inauguram-se as primeiras lojas na rua 25 de Março. Inicialmente eram apenas cinco lojas de armarinho e uma mercearia, abertas à rua e com hospedagem ou moradia no andar superior (FATORELLI, 2014). Além dos escravos e portugueses, muitos estrangeiros habitavam a área, que já se firmava como ponto de chegada dos imigrantes da Europa e dos visitantes de várias regiões do país. Aumenta, também nesse período, a chegada de população de origem sírio-libanesa, estabelecendo seus negócios junto à moradia nos arredores da rua 25 de Março (Fig. 6).

No final da primeira fase (nos anos 1920) a rua – que já conta com 580 mil habitantes (PREFEITURA DE SÃO PAULO, s. d.)[15] – crescera com a cidade e tinha mais de quinhentas lojas (AMARAL, 2009). Muitos estabelecimentos comerciais acolhiam os viajantes e turistas, assim como os proprietários lojistas em seus andares superiores. A loja Doural (Figura 5), fundada em 1905 é um dos exemplos do comércio tradicional mantido por sírio-libaneses até os dias de hoje na rua, apesar da expansão dos negócios por outras regiões da cidade e através de vendas virtuais.

Figura 5: Sírio-libaneses em frente à loja Doural, s/ data­.

Fonte: Disponível em: <https://salesol.wordpress.com/tag/doural>. Acesso em 10 julho, 2016.

Com a passagem ao século XX, as grandes obras cívicas e institucionais se ampliam pelo “centro alto”[16] da cidade, que serve de moradia aos mais ricos. No início do século, a maior parte dos moradores ainda se abastecia na região do baixo centro. O sistema de bondes expande-se, sempre de maneira concêntrica, acentuando a importância da região da Vinte e Cinco. Com o crescimento vertiginoso da cidade de São Paulo, a demanda por transporte aumenta exponencialmente. Várias propostas para um sistema de metrô são canceladas e rejeitadas uma a uma, até o final da década de 1970, quando finalmente se inauguram as primeiras estações que tornam a região ainda mais acessível ao público consumidor.


Consolidação: Décadas 1930-1960


Nos anos 1930 a rua 25 de Março já é conhecida como a “Rua dos Turcos”, em denominação imprecisa que procurou agrupar a população imigrante da área, de origem síria e libanesa, além de árabes, armênios e persas em uma só alcunha. Os “turcos” foram inicialmente vistos pelas elites brasileiras como “parasitas”, pois, de origem essencialmente urbana, estes não se prestavam à mão-de-obra rural, como era esperado dos imigrantes (KARAM, 2006). Os “turcos” da época são comerciantes e exploram o mercado de importação de tecidos e afins, alguns como “mascates” (cerca de 90% dos mascates era de origem sírio–libanesa em 1893), outros como vendedores ambulantes e os últimos fixam-se na Rua 25 de Março. O preconceito e as dificuldades que sofreram os “mascates” do passado com sua atividade, pode ser comparado ao que sofrem hoje os camelôs da mesma rua (KARAM, 2006).

Figura 6: Mascate na rua 25 de Março.

Fonte: YAZBECK, 2015. [17]

Pouco a pouco, os imigrantes sírio-libaneses se dedicam ao desenvolvimento da indústria têxtil e a maior parte de suas manufaturas entra em funcionamento até os anos 1930[18]. Com grande sucesso nos negócios, em 1945 as companhias de propriedade sírio-libanesa equivaliam a 27% do total no país (112 de um total de 413 manufaturas). Como centro de distribuição, a rua 25 de Março torna-se a partir de então o maior entreposto têxtil do Brasil, atuando como intermediária entre as manufaturas nacionais e os comerciantes de todo o país (KARAM, 2006). Com vendas majoritariamente de produtos têxteis no atacado e também de alimentos, os sírio-libaneses eram, na década de 1930, proprietários de mais da metade dos estabelecimentos comerciais de varejo e atacado na cidade (KARAM, 2016). Famosos por sua astúcia para o negócio, os comerciantes da Vinte e Cinco estabelecem a prática da pechincha e da barganha, que até hoje é característica da área. Conta-se que a ideia da liquidação dos produtos surgiu por volta dos anos 1960 (KARAM, 2006) quando houve uma grande enchente na região, deteriorando grande parte do estoque (OLIVEIRA, 2009). Os comerciantes, como resposta, recorreram às vendas por atacado das mercadorias avariadas oferecendo grandes descontos a fim de recuperar o prejuízo. Diz-se que desde então estabeleceu-se ali a prática da barganha (OLIVEIRA, 2009).

Ainda nos anos 1930, o Plano de Avenidas e as grandes obras viárias executadas pela Prefeitura de São Paulo estimulam o espraiamento. A diminuição do coeficiente de aproveitamento dos lotes centrais induz também a menor densidade residencial na região central da cidade (SOMEKH, 1997). Verticaliza-se assim a ocupação das terras ao longo dos principais eixos de circulação e expande-se a área de ocupação da cidade. Como consequência, o perfil terciário da região central aumenta progressivamente acompanhando o crescimento populacional, que em 1960 atinge 3,7 milhões de habitantes (OLIVEIRA, 2009). Aos poucos, até a década de 1960, a maior parte dos proprietários de comércio muda-se para outros bairros e a Vinte e Cinco termina por não se consolidar como um bairro residencial para a comunidade sírio-libanêsa. (KHOURI, 2013). Lugares de socialização, tais como restaurantes, igreja e instituições culturais ainda se mantiveram na região, porém grande parte da comunidade sírio-libanesa transfere sua moradia para outros bairros, tais como a Vila Mariana, o Ipiranga e o Paraíso (KHOURI, 2013).


Expansão: Décadas 1970-1980


Durante as décadas seguintes, a Vinte e Cinco, já estabelecida como mais importante centro atacadista do país (SP TURISMO, s. d.)[19], expande a venda de produtos nacionais, além de reintroduzir, a partir dos anos 1980, a venda de produtos importados. Produtos vindos da China e do Paraguai que começam a competir com as mercadorias nacionais, prenunciando a mudança que a rua vem a experimentar nas décadas seguintes (KARAM, 2006). Muitas das indústrias nacionais mudam-se da capital para o interior encarecendo ainda mais o transporte de mercadorias e dificultando sua competição com os produtos importados. Aos poucos, as lojas da Vinte e Cinco absorvem em seu complexo comercial um novo contingente de trabalhadores imigrantes e oferecem uma nova gama de produtos.

O processo de consolidação das novas centralidades que se iniciara em São Paulo nos anos 1960, acentua-se em direção à área sudoeste da cidade (NOBRE, 2001). Apesar das mudanças na legislação de ocupação do solo, com aumento no coeficiente de aproveitamento, o zoneamento da região central continua incentivando o deslocamento do processo de verticalização em direção ao sudoeste (SOMEKH, 1997). Como consequência, acelera-se ao mesmo tempo o processo de deterioração da região do baixo centro e diminui-se a fiscalização dos estabelecimentos comerciais formais, com aumento do comércio informal.

Seguindo diretrizes governamentais a fim de recuperar a vitalidade econômica do centro, realizam-se vários projetos de reurbanização, como o do vale do Anhangabaú e o do Parque Dom Pedro, além do restauro e retrofit de vários edifícios históricos especifícos (SILVA, 2005), acompanhados da criação de áreas exclusivas para pedestres. Contribui ainda com esse esforço de repopular o centro, a expansão das linhas de transporte coletivo de massa, incluindo metrô e ônibus, com linhas diretas que levam a todas as regiões da cidade e se conectam com os subúrbios da capital. É também dessa época um dos primeiros projetos – não realizado – que propunha a requalificação da rua, através de melhorias no ambiente do pedestre e do incentivo ao uso misto (OLIVEIRA, 2010). A Vinte e Cinco, localizada numa São Paulo, que em 1980 chega a 8,5 milhões de habitantes (INFOCIDADE, s. d.), resiste às mudanças propostas, mais uma vez adapta-se às novas demandas do comércio e mantém o lugar fundamental que ocupa até hoje na economia da cidade.


Transição: Décadas 1980-1990


A partir dos anos 1980, a Vinte e Cinco passa por mais uma fase de mudanças, quando crescem as vendas no varejo, ainda que mantendo as vendas por atacado. Alguns dos tradicionais espaços comerciais adaptam-se e grandes lojas são transformadas em galerias, as quais concentram seus negócios na revenda de produtos importados. Nos anos 1990, a informalidade do comércio se acentua na região com o aumento de camelôs e com a crescente comercialização de produtos importados da China e da Coréia, em busca de atender à diversidade da demanda que pede artigos de menor preço (RIBEIRO, 2010).

Continuando o processo iniciado nas décadas anteriores, o centro velho de São Paulo consolida-se, nessa fase, como nó de articulação da macroestrutura da circulação metropolitana. O poder público materializa esse processo com grandes investimentos no sistema de transporte coletivo na área central da cidade, expandindo a circulação em direção às áreas mais distantes. No entanto, como resposta à demanda dos comerciantes e seguindo o modelo automobilista (que ainda define os termos de crescimento da malha urbana da cidade e, portanto, incentiva o transporte interurbano e os deslocamentos intra-urbanos sobre rodas), constrói-se em 1980 o edifício Garagem Parque que serve a região com seus 31 andares dedicados ao estacionamento para os consumidores (O ESTADO DE SÃO PAULO, 2013)[20].

Com a expansão das novas centralidades, acentuada pelos investimentos no sistema viário, o uso residencial se transfere para outras áreas da cidade e os usos comerciais e de serviços tomam conta do centro (SOMEKH, 1997). A obsolescência dos imóveis vazios e subutilizados, com consequente desvalorização imobiliária e aumento do comércio informal se instalam na região e, ainda assim, a Vinte e Cinco mantém sua importância comercial, adaptando-se aos novos tempos. Porém não sem resistência por parte dos proprietários dos negócios formais, que pressionam a prefeitura para controlar a informalidade e a competição exercida pelos produtos ilegais (OLIVEIRA, 2010). O programa de cadastramento dos camelôs inicia-se nessa época, a fim de conter os volumes crescentes de produtos falsificados e ilegais de baixo preço trazidos pelos importadores e imigrantes.

A história da Vinte e Cinco compõe interessante exemplo do processo de resiliência adaptativa nos centros urbanos. Nota-se que, durante esse período de transição, o perfil dos usuários se transforma; os negócios, seus protagonistas comerciantes e comerciários se diversificam; o espaço físico das lojas é reconfigurado para garantir que a rua consiga manter sua atratividade e sua vitalidade econômica. Vários autores (MEEROW et ALL, 2016; JONES et All, 2010; entre outros, desde Holling, 1973) confirmam o lugar central da capacidade adaptativa no debate sobre os conceitos de resiliência urbana. Os conceitos são vários, mas são sempre definidos pelos recursos que o sistema requer para adaptar-se e para aprender com as mudanças. Jones (2010) aponta também para o processo de capacitação dos atores – indivíduos e grupos; comerciantes e ambulantes; consumidores e a municipalidade – na mobilização de recursos (humanos e monetários) que possam efetivamente mitigar o impacto dos riscos previsíveis, ou mesmo dos desafios desconhecidos (JONES et All, 2010).


Mundialização, décadas 1990-2010


Com a chegada do século XXI e a consolidação do modelo econômico “globalizado”, as escalas de importação e transporte de produtos se transformam significativamente. A partir de então, os produtos que abastecem a Vinte e Cinco chegam ao Brasil em grandes containeres e são vendidos à uma massa consumidora que varia de quatrocentos mil a 1,2 milhões de consumidores por dia (INFOCIDADE, s. d.). Os produtos definitivamente não mais se concentram nos originais produtos têxteis e correlatos e a oferta é diversificada e passa a incluir também acessórios, bijouterias, roupas e grande variedade de produtos eletrônicos.


Figura 7: Rua 25 de Março, 2015.

Fonte: Acervo dos autores.

Para atender a demanda crescente, além da venda pela internet, o espaço físico continua a adaptar-se com lojas de rua, em pisos superiores, boxes e estandes pela rua e adjacências. A densidade de negócios e de público suscita cada vez mais dificuldade de acesso à área, problema acentuado pelo deslocamento dos investimentos públicos para outras regiões da metrópole. Durante esse período são desenvolvidos inúmeros projetos de requalificação, em busca de soluções para acomodar a presença do automóvel; controlar a ocupação do espaço público; implementar sistemas para garantir maior segurança aos consumidores; consolidar os camelôs em estruturas únicas; promover a pedestrianização da área e até mesmo criar um terminal turístico de compras. As propostas mais recentes (de 2002 e 2014)[21] por parte da Prefeitura de São Paulo, buscam requalificar a área com o objetivo de fortalecer o comércio tradicional, controlar o comércio informal e principalmente incentivar a volta do uso residencial nesta e na área central como um todo.

O contingente de imigrantes de origem chinesa que hoje trabalha na Vinte e Cinco e redondezas é representante do fenômeno do transnacionalismo moderno, facilitado pelos avanços tecnológicos e maior facilidade de comunicação à distância (PIZA, 2012). As comunidades denominadas “transnacionais” são aquelas que se deslocam para outras regiões do globo em busca de melhor qualidade de vida, porém mantém sempre ativos seus vínculos culturais, sociais e econômicos com o país de origem. Ainda como parte do mesmo fenômeno, a economia local se integra à global, já que boa parte do capital gerado na produção dos artefatos ali oferecidos (produtos chineses) permanece em território estrangeiro. Ainda assim, o lucro da revenda gerado na Vinte e Cinco se mantém, garantindo a sua vitalidade, a sua resiliência.

Nos anos 1970/80, projetos com objetivos opostos se contrapõem, como a construção do Edifício Garage Parque incentivando o consumidor a trazer seu automóvel, seguido do programa de pedestrianização e da expansão do sistema de transporte coletivo da área central da cidade. Em 2002 um novo projeto de revitalização propõe o enterramento da fiação elétrica e o alargamento das calçadas. O projeto se tornou realidade, no entanto o conflito dos diferentes meios de transporte nunca se resolveu e continua presente até hoje, como se vê na proposta de 2014 da Prefeitura (Figura 8) - com consultoria do arquiteto Jan Gehl - quando se procurou novamente favorecer o ambiente do pedestre[22]. A questão não é de fácil solução, pois a área, vibrante e, ao mesmo tempo, saturada de pessoas e veículos, serve a um público diverso. Tanto o consumidor local que vem comprar no varejo, como os pequenos lojistas que vêm de todo o país em busca dos bons preços do atacado, deveriam ser equacionados em projetos futuros.



Figura 8: Projeto Piloto para São Paulo, Rua 25 de Março, 2014.

Fonte: Gehl Architects[23]

A “resiliência adaptativa” da rua 25 de março


Na disciplina do urbanismo, a recente discussão sobre resiliência se dá, não mais somente por conta das questões que envolvem diretamente o meio ambiente, mas também no contexto dos modelos de crescimento das cidades e das mudanças na economia urbana. Faz-se necessária uma revisão, ou talvez melhor ainda, uma nova interpretação desse importante conceito, adotando uma “abordagem evolutiva” (DAWLEY, PIKE & TOMANEY, 2010) como alternativa à ideia de que o sistema (no caso a cidade, ou parte dela) sofre pressões, mas deveria sempre retornar – de alguma maneira – à posição de origem[24]. A “abordagem evolutiva” do conceito de resiliência busca compreender as transformações da cidade como processo em movimento contínuo. Assim a resiliência se caracteriza por sua capacidade adaptativa e por sua capacidade de tirar proveito até mesmo de seus pontos fracos. Em caminho similar, encontram-se os recentes estudos sobre a aplicação das teorias da “antifragilidade” dos sistemas (TALEB, 2012; CECCHINI, 2016, entre outros). Os defensores do “urbanismo antifrágil”[25] negam os tradicionais conceitos de resiliência e enfatizam a capacidade dos sistemas em se beneficiar das perturbações sofridas e, através da incorporação destas, tornarem-se ainda mais sustentáveis.

O sucesso e a capacidade de adaptação da rua 25 de Março aos diferentes momentos históricos por que passa a cidade de São Paulo implica na compreensão de que “resiliência é um processo, não um resultado” (QUINLAN, 2014). E, nesse caso, o processo não tem se dado sem conflitos, os quais foram evidenciados pelas várias propostas para esse polo comercial que se fizeram ao longo dos anos. Assim como em muitos outros projetos de reabilitação urbana, as propostas feitas para esta rua buscam resolver conflitos que são inerentes à sua ocupação diversificada e à sua importância na cidade. Alguns elementos aparecem com frequência, tais como o controle e regularização do comércio informal: mascates do passado, camelôs do presente; o conflito entre os veículos automotores e os pedestres, e também a criminalidade e a segurança da área.


Figura 9: Blitz nos camelôs da rua 25 de Março, 2010

Fonte: http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/policia-realiza-blitz-na-rua-25-de-marco-na-manha-desta-sexta-20101119.html

Assim como ocorrido com os mascates no passado, os vendedores ambulantes, têm sofrido constante pressão para mudarem-se da área. Dados de 2009 indicavam mais de dois mil ambulantes nas ruas e calçadas da região, sendo que apenas 74 destes eram legalizados. A partir de 2009 a Prefeitura volta a expulsar todos eles – inclusive cassando suas licenças oficiais em 2012 (O ESTADO DE SÃO PAULO, 2013)[26] – com fiscalização ostensiva, como preparação para a prometida revitalização da área. Projeto, como vários que vieram antes e depois, e que buscam não apenas retomar o território, mas também reapropriar-se do espaço público, em nome da formalização, reorganização e modernização da cidade. A ocupação por camelôs e ambulantes nas grandes cidades é uma questão latente e tão antiga quanto as próprias cidades. Reconhecemos que a “ausência de uma política inclusiva é em si uma política” (ALCÂNTARA, SAMPAIO & ITIKAWA, 2013), já que a existência da economia informal serve à manutenção dos interesses da economia formal e do poder político hegemônico.

A capacidade de adaptação da rua 25 de Março durante sua longa história, se confirma pela incorporação – com mais ou menos conflitos – dos diferentes atores que atuam e que frequentam aquele espaço. A rua se adapta e se redefine através de todos aqueles que são e que virão a ser parte intrínseca de sua identidade. Poderíamos dizer que os comerciantes e seus funcionários foram os principais atores deste espaço, mas também o foram os mascates e ambulantes, que continuamente compuseram o caráter desta rua. Por ali cruzam o legal e o ilegal, o transiente e o fixo, o formal e o informal, o luxo e a falsificação, exercendo forças contraditórias que se compõem e recompõem ao longo dos anos, demonstrando a habilidade desse sistema em aprender e adaptar-se às mudanças circunstanciais imprevistas ou planejadas, e recobrar seu vigor.






Referências bibliográficas­­­­

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Data de Recebimento: 01/10/2016
Data de Aprovação: 15/12/2016


[1] Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/revista/saopaulo/sp0912201209.htm>. Acesso em: 10 julho, 2016.

[2] Disponível em: <http://www.25demarco.com.br>. Acesso em: 20 julho, 2016.

[3] Em classificação do IBGE, com base na renda dos consumidores que é de R$788 a R$2.364 (29%) e de R$2.365 a R$3.940 (39,1%), segundo pesquisa da SP Turismo, 2015, op.cit.

[5] Tais pesquisas não podem ser sistematicamente comparadas, por conta dos diferentes períodos históricos e métodos utilizados para seu desenvolvimento. No entanto, os dados nos parecem interessantes para enfatizar a flutuação do mercado e a diversidade populacional dos frequentadores da região.

[6] Ibid Estado de São Paulo, 2010.

[8] Disponível em: <http://www.cetsp.com.br/noticias/2013/11/06/cet-implanta-operacao-natal-na-regiao-da-rua-25-de-marco-e-mercado-municipal.aspx>. Acesso em: 18 julho, 2016.

[10] Fontes utilizadas para elaboração da matriz histórica: CABREIRA, 2001; O ESTADO DE SÃO PAULO, 22/9/2010; OLIVEIRA, 2014; PMSP, s.d.; VÉRAS & OLIVEIRA, 2014.

[15] Disponível em: <http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/historico_demografico>. Acesso em 3 junho, 2016.

[16] Também conhecido como Centro Novo, considerado área nobre do centro de São Paulo até o final dos anos 1970, quando surgem novas centralidades na cidade, atraindo as classes mais privilegiadas.

[17] Cena do filme Brimos. Disponível em: <https://youtu.be/C5s_oyKhYDw>. Acesso em 12 junho, 2016.

[18] Incentivadas pelos altos impostos cobrados pelo Brasil para importação de produtos textêis (KARAM, 2006).

[19] Disponível em: <http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/o-que-visitar/atrativos/pontos-turisticos/4406-rua-25-de-marco> . Acesso em 7 março, 2016.

[22] Disponível em: <http://revistaembarque.com/miscelanea/projeto-de-revitalizacao-do-centro-de-sao-paulo-deve-comecar-este-ano/>. Acesso em: 12 junho, 2016.

[23] Disponível em: http://archinect.com/GehlStudio/project/a-new-heart-for-s-o-paulo. Acesso em 10 junho, 2016.

[24] Conceito referido como Engineering Resilience, no artigo de Meerow et All, 2016.

[25] Antifragile urbanism em inglês ou planificazione antifragile em italiano.

[26] Disponível em: <http://sao-paulo.estadao.com.br/blogs/diego-zanchetta/prefeitura-convoca-510-camelos-que-tiveram-licenca-cassada-por-kassab>. Acesso em 12 junho, 2016.