Relacão sujeito indígena/cidade: Análises para a construção de um objeto de pesquisa


resumo resumo

Águeda Aparecida da Cruz Borges



[...]nunca deixaremos de ser índios, eu tenho orgulho de ser índia, pelo menos sabemos de onde viemos[...] (do corpus)

 

A memória discursiva possui um laço estreito com a subjetivação e, de certa forma, contribui para explicar o porquê da escolha de um objeto de pesquisa com um corpus tão heterogêneo quanto o analisado na tese de doutorado que recentemente defendi.

Este texto traz apenas alguns pontos importantes, dentre as complexas discussões desenvolvidas na referida tese, convergindo para os processos de identificação/subjetivação/naturalização de indígenas Xavante[1] frequentes na cidade de Barra do Garças-MT[2].

Uma das diferenças na abordagem dada a este trabalho é que, em relação a outras áreas que se ocupam da cidade, ou em relação ao corpo, observo o corpo indígena enredado pelo/no corpo da cidade pela linguagem. Os pressupostos teóricos são da Análise de Discurso Materialista, ressaltando o caráter revolucionário atribuído pela teoria aos estudos da linguagem, que se distancia do aspecto formal e categorizador conferido pelo estruturalismo.

A escolha do objeto de pesquisa se deve, além do meu interesse pelas questões de linguagem, de sujeito, de espaço, de corpo, de memória, ao meu encontro com um grupo de indígenas Xavante, numa antiga Rodoviária de Barra do Garças/MT, no ano de 1982. Naquele primeiro encontro, chamou-me a atenção a presença indígena no espaço da cidade, pois imaginava encontrá-los em aldeias. Esse imaginário se deve ao discurso escolar materializado na história do Brasil, sob o ponto de vista europeu, ou mesmo familiar, pela exaltação romântica, principalmente, quando se dirigiam a mim: “Vejam

Xavante é um povo guerreiro e caçador. Vive na região do Araguaia, desde que os ancestrais atravessaram o Rio das Mortes há quase 200 anos. Resistiram à entrada das frentes de atração na década de 1940.  O povo Xavante se auto denomina A´uwê Uptabi, gente verdadeira. Eles se pintam com jenipapo, carvão e urucum, tiram as sobrancelhas e os cílios, usam cordinhas nos pulsos e pernas e a gravata cerimonial de algodão. O corte de cabelo, os adornos e pinturas são marcas identitárias Xavante. O Warã reúne os homens adultos todos os dias, antes do nascer e ao pôr do sol para discutirem os assuntos de importância para a aldeia. (Recorte de uma entrevista com um grupo de xavantes: Supitó, Rupawe, Serezabdze intermediada pelo intérprete vice-cacique Paulo da Aldeia Etenbiritiba e Wederã , localizada nas terras indígenas Pimentel Barbosa-MT, pela Equipe Giros (2003). (sic).

Barra do Garças localiza-se no centro geodésico do Brasil e também é conhecida como Portal da Amazônia. As primeiras notícias acerca da região se deram por conta das lendárias Minas dos Martírios, no século XVII. “Naquele período, o imenso quadrilátero barragarcense era habitado de cima abaixo por povos indígenas Bororo e Xavante”. (detaque meu).

http://barradogarcas.com/2010/?Secao=Municipio&Pg=Historia. Acesso em abril de 2009.

 



[1] Xavante é um povo guerreiro e caçador. Vive na região do Araguaia, desde que os ancestrais atravessaram o Rio das Mortes há quase 200 anos. Resistiram à entrada das frentes de atração na década de 1940.  O povo Xavante se auto denomina A´uwê Uptabi, gente verdadeira. Eles se pintam com jenipapo, carvão e urucum, tiram as sobrancelhas e os cílios, usam cordinhas nos pulsos e pernas e a gravata cerimonial de algodão. O corte de cabelo, os adornos e pinturas são marcas identitárias Xavante. O Warã reúne os homens adultos todos os dias, antes do nascer e ao pôr do sol para discutirem os assuntos de importância para a aldeia. (Recorte de uma entrevista com um grupo de xavantes: Supitó, Rupawe, Serezabdze intermediada pelo intérprete vice-cacique Paulo da Aldeia Etenbiritiba e Wederã , localizada nas terras indígenas Pimentel Barbosa-MT, pela Equipe Giros (2003). (sic).

[2] Barra do Garças localiza-se no centro geodésico do Brasil e também é conhecida como Portal da Amazônia. As primeiras notícias acerca da região se deram por conta das lendárias Minas dos Martírios, no século XVII. “Naquele período, o imenso quadrilátero barragarcense era habitado de cima abaixo por povos indígenas Bororo e Xavante”. (detaque meu).

http://barradogarcas.com/2010/?Secao=Municipio&Pg=Historia. Acesso em abril de 2009.