Apresentação

É com prazer que lançamos o segundo volume do vigésimo segundo número da revista RUA. Neste volume, poderemos circular por entre artigos, na Seção Estudos da revista, que analisam práticas urbanas que se dão sob diferentes materialidades significantes, pensadas a partir de lugares e formas de presença, pertencimento, identificação e subjetivação diversos que indicam a complexidade desta reflexão iminentemente multi e interdisciplinar.

David Bernard e Alexandre Levy, em Le capitalisme et la honte, trazem à tela, aliando a psicanálise à filosofia, uma interessante reflexão sobre o modo como o funcionamento do capitalismo moderno produz como, um de seus efeitos, a constituição da vergonha enquanto estruturante dos sujeitos que se constroem dentro deste funcionamento. Em Consumo, espaço e identificação: o sujeito rolezeiro na rede de sentidos, refletindo sobre a relação entre o funcionamento do consumo, do espaço em que este consumo de realiza enquanto convite, demanda, desejo e prática, e dos processos de identificação, Guilherme Carrozza e Carina Carnevalli Alvarenga nos apresentam uma instigante análise da prática dos rolêzinhos, observando a materialidade do corpo e seus efeitos de sentidos. Em Ruínas, duração e patrimonialidade, Cybelle Salvador Miranda investe em uma interessante análise sobre os sentidos dispersos e em disputa para aquilo que se configura enquanto patrimônio na relação entre os espaços arquitetônicos e os sujeitos que por eles perpassam. Procurando um olhar perscrutador sobre a instalação da presença de Gilda no espaço citadino de Curitiba, nas décadas de 70-80, Caroline Marzani e Naira Nascimento, em seu artigo Gilda em Curitiba: o corpo transgressor invade a cidade, discutem relações entre corpo, sexualidade e cidade no entremeio a discusividades estéticas. Em “Geografias públicas” da sociabilidade juvenil do/no movimento hip-hop de Lucas Renato Adami e Almir Nabozny, contamos com uma análise que aproxima o leitor de diferentes formas de apropriação do espaço público, formando uma “cartografia simbólica” em que trajetos, sujeitos e espaços ganham visibilidade. Michele Fernandes Gonçalves e Ana Godoy, em O encontro entre humanos, cães, ruas e arte: aproximações e experimentações conceituais, nos apresentam aproximações e experimentações conceituais a respeito do encontro entre humanos, cães e ruas no ponto de encontro construído por um discurso estético. Em O lado nordestino da cidade de Sorriso: o lado maldito segundo a posição-sujeito sulista, Terezinha Ferreira de Almeida e Maria Inês Pagliarini Cox apresentam a divisão do corpo social urbano, entre sulistas e nordestinos, no espaço de Sorriso-MT, instituída pela BR163. Sergio do Espirito Santo Ferreira Junior e Alda Cristina Costa, em Dissidentes, violentos e violentáveis: LGBTs nas narrativas de violência da Amazônia Paraense, procuram compreender o processo de construção da narrativa midiática sobre violência envolvendo LGBTs, sobretudo homossexuais e transexuais, no contexto paraense. Em Recortes e(m) análise: no movimento da narratividade cinematográfica, Atilio Catosso Salles e Greciely Costa apresentam, a partir de uma política do olhar ideológico (XAVIER, 1977), o modo como a cidade é discursivizada em uma narrativa fílmica levando em consideração os efeitos de narratividade na base material da imagem. André Stefferson M. Stahlhauer e Soeli Maria Schreiber da Silva, em A geografia, a identidade das línguas e as divisões de langues e dialectes no site de relações estrangeiras da suíça: reflexões sobre o sentido da designação no texto, propõem uma leitura/ interpretação do funcionamento da designação de língua em uma versão do site do Département fédéral des affaires étrangères DFA da Suíça (Departamento Federal de Relações Estrangeiras), refletindo sobre a relação entre línguas em diferentes espaços de enunciação. Olhando para as línguas, Ana Cláudia Fernandes Ferreira e Joelma Pereira de Faria, em Dialetos/Línguas do Brasil na Desciclopédia, analisa os modos como alguns dialetos/línguas do Brasil são significados em três artigos da Desciclopédia:Paulistanês,MineirêseDisschionario Aurélo da Língua Carioca. E olhando para o espaço do ensino de língua, A ARS (análise de redes sociais): elo entre pesquisa e o ensino, de Eliane Vitorino de Moura Oliveira, propõe a utilização das Redes Sociais de Interação como objeto analítico apropriado para o reconhecimento da realidade linguística dos alunos, com intuito de elaborar materiais didáticos que respondam às necessidades atuais. A revista conta ainda com sua Seção de Resenhas e Notícias na qual leremos sobre a obra “O Show do eu: a intimidade como espetáculo”, de autoria de Paula Sibilia, resenhado por Mariana Marques de Lima, além de uma breve síntese das notícias sobre as atividades do Labeurb também disponibilizadas em sua página. E na Seção Artes, teremos a apresentação do ensaio fotográfico de Lígia Francisco, intitulado “(Dé)connexion”.

Boa leitura!