Relacão sujeito indígena/cidade: Análises para a construção de um objeto de pesquisa


resumo resumo

Águeda Aparecida da Cruz Borges



Recorte 2

  1.                                                                                                                                                                                                              Estou na cidade e continuo sendo índio

Texto postado em 06 dezembro 2010, por A. Makuxi

A maioria dos indígenas que vive nas cidades sofreram e sofrem discriminação e preconceito. Em muitos casos o discurso preconceituoso vem acompanhado do senso comum, “índios é o que vive na mata, que anda pelado, que não tem veículo automotivo…” enfim, esse fato foi discutido na cidade de Boa Vista através da Organização dos Indígenas da Cidade – ODIC, essa organização está lutando com unhas e dentes para barrar essa margem de preconceito.
O fato a questionar é: os indígenas vieram para a cidade? ou a cidade que chegou para os indígenas ? Por que assim, pois vejamos, a cidade está cercada pelas comunidades Indígenas e nela se encontram aproximadamente 30 mil indígenas. Muitos deles vindo de outros países vizinhos. Segundo o Professor Reginaldo Gomes de Oliveira, da Universidade Federal de Roraima, aqui onde é a atual Cidade de Boa Vista era uma Comunidade Indígena Macuxi, e o nome seria kuwai Krî, quequer dizer Terras de Buritizais. Essa mesma História se repete nas reuniões da ODIC, e também nos discursos de alguns ãnciões de comunidades do Interior do Estado.
Então Boa Vista foi implantada em cima de uma Comunidade Indígena, e o melhor é uma Comunidade Indígena, e a maior do Estado. Pode ser dizer que a maior aldeia de Roraima é Boa Vista, sem pingo de dúvida. De acordo com a História do não-índio a cidade criou-se a partir de uma Fazenda, o que ao se questionado com alguns anciões de comunidades, eles afirmam que tinha sim uma fazenda, mais não a que se tornou Boa Vista. O fato de eu está na cidade, usar celular, roupa, calçado, ir para a universidade, passear nas praças, não me tira a identidade indígenas, aliás eu na cidade estou apenas visitando parentes, o que significa que aqui na cidade eu me sinto como na minha comunidade, só que agora aqui é uma comunidade onde se tem vários Povos Indígenas e não Indígenas.

 

b) Comentários de internautas indígenas

1) Postado em 07 de dezembro de 2010 às 06h34min, por P. Pankararu

Infelizmente isso ainda acontece, eu ja passei por situações semelhantes, na universidade me olhavam e falavam indígenas estudando na universidade, cursando uma graduação, especialização, eles ainda têem uma visão de 510 anos atraz, não perceberam que o mundo muda, tudo muda, tudo se transforma, nada é permanente, pois buscamos mecanismos para ajudar nossas comunidades de alguma forma. Agora estamos estudando, nos formando, temos cursos superiores, e competimos com os não indios de igual para igual e usamos essas novas tecnologias sim, afinal não estamos isolados do mundo, também somos pessoas, seres inteligentes, somos seres humanos. A unica diferença é a nossa cultura! Então meu parente A. Makuxi os não índios ainda nos fazem essas perguntas pq não conhecem a nossa história, a nossa realidade, quando nos fazem alguma pergunta desse tipo é pura ignorância mesmo falta de conhecimento!

2) Postado em 05 de janeiro de 2011 às 9h43min. L. C.. Xavante

Gostei tanto do post. Parabéns A. Makuxi. Passei a seguir o blog. Essa discussão não é nova e me toca profundamente, desde que comecei a “andar com as próprias pernas”. Há pessoas que não conseguem, mesmo, olhar para o outro como semelhante, seja índio, negro, árabe, enfim… Não reconhecer no outro a mesma vida que pulsa em nós mesmos me parece a pior ignorância possível e creio que daí provém os maiores dramas, os mais cruéis desmandos. Eu continuo índio sempre. Por esse humilde comentário entrego a você, como representante dessa luta e de todos os povos indígenas, desse e todos os cantos do mundo, meu mais profundo