O ritual da mística no processo de identificação e resistência


resumo resumo

Freda Indursky



dos fiéis a uma comunidade religiosa, os hinos e a bandeira do Movimento reafirmam a crença na luta pela terra e o lugar de pertença desses sem-terra. Da mesma forma, assim como a hora cívica marca a identificação com os símbolos pátrios, a bandeira do Movimento e seus hinos marcam sua identificação com a causa Sem Terra. E pelo breve espaço-tempo de uma aula aquela sala se transformava, pelo viés daquele ritual da mística, em território do MST.

Em uma ocasião, a professora encostou-se na mesa sobre a qual se encontrava a bandeira e sobre ela colocou a mão, o que gerou protesto imediato por parte dos estudantes sem-terra, pois a bandeira tinha que ser “respeitada”. Isso deixa mais uma vez visível o vestígio do cívico e do religioso no político: para esses estudantes, a bandeira era "sagrada" e como tal devia ser "respeitada". Trata-se do entrelaçamento entre o sagrado, vestígio do religioso, e o político, fortemente representado pelo protesto.

Essas sticas de sala de aula permitem observar como a identificação e, por seu viés, o processo de subjetivação vão sendo reiteradamente reatualizados nas atividades do dia-a-dia desse coletivo.

A mística da formatura

Quando esse grupo concluiu seu Curso, foi chegada a hora da formatura. E, como não poderia deixar de ser, a mística foi parte constitutiva dessa solenidade. Para distinguir a formatura de professores Sem Terra da formatura de professores da Escola Burguesa, no dia da formatura o MST colocou no palco do Salão de Atos da UNIJUÍ, além da bandeira e de seus demais símbolos, uma certa quantidade de terra. Era a mística funcionando novamente, para tornar visível o não visível: a luta pela terra.               Aquela porção de terra tinha como efeito de sentido relembrar tanto aos formandos quanto à Universidade o pertencimento daqueles formandos a um outro lugar social, diferente daquele em que se encontravam. E aquela terra sobre o palco da UNIJUÍ teve um outro efeito de sentido: transformou aquele palco temporariamente em terra de Sem Terra. Aquele momento, por si só, funcionou como um acontecimento histórico para o Sujeito Sem Terra, o qual foi politicamente ritualizado através daquela mística.

Estas são as duas místicas que serão tomadas, neste trabalho, como objeto de análise. Antes, porém, de encetar essas análises, abro um parêntese para refletir um pouco sobre Educação, pois há uma pergunta que se impõe: porque as lideranças Sem