Relacão sujeito indígena/cidade: Análises para a construção de um objeto de pesquisa


resumo resumo

Águeda Aparecida da Cruz Borges



de transitoriedade das sociedades indígenas. Já que durante todo o processo de colonização, Império e República as diversas etnias indígenas foram tratadas como transitórias, ou em vias de integração com a sociedade nacional. Sendo apenas reconhecida a pluralidade cultural destas etnias e o direito a terra e a educação diferenciada na Constituição de 1988.http://www.uesc.br/eventos/cicloshistoricos/anais/aretuza_da_cruz_silva.pdf. Acesso em janeiro de 2011.

 

(A1)Pra mim esses que já estão muito tempo nesse vai volta já deixou mesmo de ser índio, não conformo com esse tratamento diferenciado...

 

(A3)Eles aproveitam de gente como a senhora, mais são mais espertos do que muitos brancos sem vergonha...virou branco da pior espécie. Não dou trela de jeito nenhum.

 

(A5)Tudo igual, tudo farinha do mesmo saco, na verdade os portuguêis não fez o serviço direito e agora a gente tem que viver com essa praga

 

No processo discursivo, os discursos que circulam em relação aos Xavante, no espaço da pesquisa, mantendo as especificidades do povo e da cidade, assemelham-se aos que ocorrem com outros povos, por isso, considero a relevância de fazer ecoar, aqui, vozes indígenas de diferentes etnias, à frente, para dialogar com o recorte acima e formular a análise, ou seja, quando indígenas enunciam que não deixam de ser índios por estarem na cidade, produzem o efeito de afirmação do discurso: índio deixa de ser índio quando vem para a cidade. Esse discurso parece natural, evidente, por efeito da ideologia. A interpelação ideológica é tão eficaz que não se questionam os sentidos que são produzidos. Por exemplo, está naturalizado que os povos indígenas são preguiçosos, são ladrões, “são invasores de terras dos fazendeiros, deixam de ser índios quando vêm para a cidade.

O recorte 2 que segue, resguardando os nomes próprios e mantendo o nome da etnia, por exemplo: Makuxi (até porque é assim que costumam se dizer: “nós índios Makuxi”, “nós índios Xavante”) traz comentários de índios internautas de várias etnias, inclusive de um Xavante, sobre um texto intitulado: Estou na cidade e continuo sendo índio, publicado na rede Índios Online. Mantive o texto tal qual foi publicado, mudando apenas a formatação e tipo de fonte, de modo a se adequar às exigências estruturais deste trabalho. Acrescentei, ao final do recorte, uma resposta de um índio Pareci, dada a uma das questões que lhe foram feitas numa entrevista publicada na Revista Brasileiros de Raiz[5].

 

 

 

Entrevista de Málcia Afonso com Daniel Matenho Cabixi, do povo Paresi, intitulada: “Vivendo entre dois mundos sem perder a identidade”, In: Revista Bimestral da RRCK Comunicação & Marketing, Ano I, Nº 1, abril/maio de 2011. Brasília/DF.



[5]Entrevista de Málcia Afonso com Daniel Matenho Cabixi, do povo Paresi, intitulada: “Vivendo entre dois mundos sem perder a identidade”, In: Revista Bimestral da RRCK Comunicação & Marketing, Ano I, Nº 1, abril/maio de 2011. Brasília/DF.