Dos não-lugares à cidade senciente


resumo resumo

Lucia Santaella



para criação de simulação de espaços urbanos. Esses modelos são chamados de “CyberCity SIS” e são sistemas informatizados utilizados para visualizar e processar dados espaciais de cidades. As simulações ajudam no planejamento e gestão do espaço, servindo como instrumento estratégico do urbanismo contemporâneo.(idem)

 

O quarto tipo é formado por cibercidades virtuais, não enraizadas em espaços urbanos reais, ou seja, são sites que utilizam a metáfora da cidade como meio de “organização do acesso e da navegação pelas informações”, cujo exemplo, que foi popular há algum tempo, é o “Second Life”.

Lemos aproveita-se também dos atributos do ciborgue, mescla de organismo e cibernética, para caracterizar esse novo tipo de reconstrução das cidades e das formas de vida urbana que é constitutivo da cibercultura, quando redes telemáticas e “tecnologias

daí derivadas (internet fixa, wireless, celular, satélites etc)”, somam-se às redes de transporte, de energia, de saneamento, de iluminação e de comunicação”. Deriva daí um híbrido “composto de redes sociais, infraestruturas físicas, redes imaginárias (WESTWOOD e WILLIAMS, 1997), constituindo um organismo complexo, inseparável das tecnologias digitais (LEMOS, 2004, p. 130-131).

De fato, as pesquisas de Lemos estavam prenunciando a conversão crescente das cidades em espaços interfaceados pela mediação dos equipamentos móveis e dos dispositivos de geolocalização ou GPSs (Global Positioning Systems). Estes possuem três segmentos: espacial, controle e usuário. O primeiro consiste de 24 satélites em órbita ao redor da Terra. O segundo é formado por estações de gerenciamento, com sede na Força Aérea norte-americana. Por fim, no terceiro segmento, localizam-se os usuários, cujos equipamentos capturam e processam os sinais georreferenciados emitidos pelos satélites. Os equipamentos tornam-se cada dia mais onipresentes como são os i-fones, i-pads, relógios, aparecem embutidos em carros, barcos, aviões e, agora, encontram-se nos óculos que o Google acaba de lançar (FRANCO, 2014, p. 100).

Além disso, os dispositivos móveis com GPS e recursos multimídia para sistemas web criaram a Geospacial Web que, a partir de coordenadas específicas, incorpora mapas com informações geolocalizadas “que podem ser gerenciadas e acessadas, possibilitando uma intensa troca de informações com o mundo tangível” (ibid., p. 105).

 

4. A cidade senciente

O adjetivo “senciente” tem origem no latim sentiens e significa “que sente, que tem sensações”. Trata-se de um atributo que vem sendo utilizado no contexto da internet