Movimentos da contemporaneidade: a rua, as redes e seus desencontros


resumo resumo

Cristiane Dias
Marcos Aurélio Barbai
Greciely Cristina da Costa



circulação, do “tempo real”. A hashtag tem o sentido da quantidade, sendo, portanto, inscrita na memória metálica, para significar. Ainda para os autores:

 

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é essa possibilidade de replicação que rege a produção da memória na rede. Assim, a re-produção de sentidos dos sujeitos que foram para a rua protestar não se limitou a passeata em si, ou mesmo a correntes oriundas da mesma, mas, pelo funcionamento da hashtag, esses sentidos produziram efeitos também naqueles que não foram às ruas, mas se “manifestaram” pelas redes sociais, pela forma de postagens, compartilhamentos, etc.” (DIAS; COELHO, p. 237)

 

www.twitter.com

 

Esse modo de organização online, portanto, é o que está aqui em análise a partir de uma compreensão de que muito mais do que isso, na deriva dos sentidos da memória discursiva da organização dos movimentos sociais, o que temos é um modo de disseminação e/ou compartilhamento dos sentidos, que se estruturam numa velocidade e numa espacialização por conectividade, de maneira que reunir milhares de pessoas com diferentes reivindicações, crenças, posições políticas, não é tarefa tão difícil e nem demanda muito tempo.

A configuração do espaço pela conectividade vai determinando a abrangência da manifestação e, com isso, sua eficácia quantitativa. É nesse sentido que dizemos que é por inscrição a uma memória metálica que os sentidos da manifestação se produzem “nas circunstâncias que se esgotam em si mesmas e imobilizam [o sujeito] na falta de uma filiação” (ORLANDI, 2012, p. 18), diferentemente da formação discursiva dos movimentos sociais dos anos 70/80, cujo núcleo organizacional se dava através de uma identificação/filiação à luta dos trabalhadores, ao movimento estudantil e/ou aos partidos políticos.

Essas mobilizações estavam ligadas, em sua formulação, circulação e constituição, a uma “ideologia política”, enquanto que as mobilizações que se organizaram em junho de 2013, no Brasil, estavam ligadas, nessas mesmas instâncias do processo de produção do discurso, à “comunicação” ou a “ideologia da comunicação”.