Dos não-lugares à cidade senciente


resumo resumo

Lucia Santaella



transnacionais como identidades frescas, unidades e valores emergem do acesso compartilhado dos mesmos símbolos, mercados e mercadorias em novos padrões de globalização. (FEATHERSTONE et al., 1995, p. 101)

 

Pouco mais tarde, pari passu com os avanços da eletrônica e tecnologia digital, Castells viria falar em Sociedade em rede (1996, 1997), quando “o conjunto expansivo das cidades globais tornar-se-ia paralelo à construção de uma outra cidade, a cidade dos bits” (FEATHERSTONE e LASH 1999, p. 4). Essa mesma ideia foi complementada por Luke (1999), ao afirmar que a internet estava nos conduzindo ao domínio de uma “dromoeconomia” cuja produção se organiza à velocidade dos fluxos de capital, trabalho, informação e recursos controlados através de redes virtuais.

Foi por essa época que começaram a surgir os hotspots (pontos quentes), quer dizer, serviços gratuitos de conexão à internet em espaços públicos como aeroportos, estações rodoviárias, shoppings etc. Justamente esses espaços, que Augé e Bauman consideram como espaços de passagem, despojados de vida efetiva, foram os primeiros a se tornarem espaços de conexão com o mundo lá fora. Mais do que isso, não iria demorar a que os pontos começassem a pipocar pelas cidades até transformá-las em espaços cada vez mais extensivamente conectados.

 

3. A cidade-ciborgue

Nos anos 2000, a expansão crescente da internet nos espaços domésticos, públicos, corporativos, governamentais e sua correspondente incorporação na necessária infraestrutura material das cidades trariam consigo novas denominações para a cidade como cidade-ciborgue, cidade digital e cibercidade.

De que tenho notícia, o primeiro pesquisador em nosso meio a se debruçar sobre o tema da cidade ciborgue ou cibercidade foi André Lemos (2000). Para esse autor (2006), há quatro tipos de experiências definidoras do termo cidade digital ou cibercidade. Em primeiro lugar, esse termo refere-se a portais contendo “projetos governamentais, privados e/ou da sociedade civil que visam criar uma representação na web de um determinado lugar”. Em seguida, designa a infraestrutura de serviços e “acesso público em uma determinada área urbana para o uso das novas tecnologias e redes telemáticas”. Trata-se aí de interfaces entre o espaço eletrônico e o espaço físico, como teleportos, telecentros e quiosques multimídias. O terceiro tipo refere-se

 

a modelagens 3D a partir de Sistemas de Informação Espacial (SIS, spacial information system e GIS, geographic information system)