O ritual da mística no processo de identificação e resistência


resumo resumo

Freda Indursky



indivíduo para o âmbito do sujeito político, abrindo espaço para a concepção de um sujeito desejante na ordem do social.

Desse modo, a mística nas práticas do MST mobiliza o sujeito desejante cuja pulsão[1] é de natureza político-social. Essa pulsão político-social se materializa nas místicas que se fazem presentes nas práticas do MST e sustentam a produção coletiva do desejo dos sujeitos que se identificam com os saberes da FD Sem Terra[2]. Essas místicas podem assumir formas diferenciadas, visando todas o reforço da identificação desses acampados com a causa da FD Sem Terra e seus saberes. Por seu viés, seus organizadores buscam a construção de uma identidade Sem Terra. A mística é, pois, no contexto do MST, da ordem do político. Através dessas práticas ritualísticas, os acampados são capturados pela ideologia e se identificam com a Forma-Sujeito Sem Terra ou, ainda, por seu viés reafirmam sua identificação.

As místicas costumam acontecer nos mais diferentes espaços como acampamentos, assentamentos, encontros, congressos, tomando a forma de hinos, poesias, cantos, palavras de ordem, encenações, para apenas apontar alguns exemplos. E, nelas, os símbolos do movimento sempre se fazem presentes e são parte constitutiva da mística bandeiras, bonés, camisetas, foices, pás. Diria que esses rituais, por outro lado, dão sustentação às ações e demandas do MST, servindo como elementos potencializadores da capacidade de luta, como veremos mais adiante[3].

Passo, na seção seguinte, a descrever duas místicas a partir das quais vou refletir sobre o funcionamento discursivo dessas prática político-social.

 

Duas místicas como objeto de análise

As duas místicas que vou aqui apresentar ocorreram na Universidade de Ujuí (UNIJUÍ), RS, e  me foram relatadas por uma então docente daquela Instituição,

Segundo Freud (1915), a pulsão não se dá a conhecer por si mesma. Ela é reconhecida pelo viés das ideias (Vorstellung) e do afeto (Affekt).

Não estou afirmando que as místicas praticadas pelos sujeitos identificados com a Formação Ideológica que subjaz aos saberes do MST são a única forma de materialização da pulsão político-social que move esse coletivo. Mas entendo que elas sustentam a continuidade dessa identificação frente às adversidades a enfrentar em sua vida de acampados.

Segundo Marco Fernandes (2011), em sua série de artigos intitulada "Luta, que cura!", publicados no Site Passa Palavra ( http://passapalavra.info/2011/05/40366 ), frequentemente a mística tem sido considerada pelos acampados do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) como uma terapêutica, marcando, desta forma, a força política deste ritual e acentuando desta forma as relações já apontadas mais acima entre o Marxismo e a Psicanálise. Aproveito para agradecer ao Dr. Rodrigo Almeida Fonseca pela indicação destes artigos.



[1] Segundo Freud (1915), a pulsão não se dá a conhecer por si mesma. Ela é reconhecida pelo viés das ideias (Vorstellung) e do afeto (Affekt).

[2] Não estou afirmando que as místicas praticadas pelos sujeitos identificados com a Formação Ideológica que subjaz aos saberes do MST são a única forma de materialização da pulsão político-social que move esse coletivo. Mas entendo que elas sustentam a continuidade dessa identificação frente às adversidades a enfrentar em sua vida de acampados.

[3] Segundo Marco Fernandes (2011), em sua série de artigos intitulada "Luta, que cura!", publicados no Site Passa Palavra ( http://passapalavra.info/2011/05/40366 ), frequentemente a mística tem sido considerada pelos acampados do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) como uma terapêutica, marcando, desta forma, a força política deste ritual e acentuando desta forma as relações já apontadas mais acima entre o Marxismo e a Psicanálise. Aproveito para agradecer ao Dr. Rodrigo Almeida Fonseca pela indicação destes artigos.