Movimentos da contemporaneidade: a rua, as redes e seus desencontros


resumo resumo

Cristiane Dias
Marcos Aurélio Barbai
Greciely Cristina da Costa



Para Carneiro (2012, p. 8),

 

em todos os países houve uma mesma forma de ação: ocupações de praças, uso de redes de comunicação alternativas e articulações políticas que recusavam o espaço institucional tradicional. Países como a China sentiram o risco e censuraram a simples menção na internet à praça Tahrir, palco dos protestos egípcios.

 

Porém, apesar de ter havido uma forma de ação semelhante nas manifestações de diferentes países, pelo uso das redes de comunicação alternativas, nem sempre esse uso é garantia de uma recusa do espaço conservador da mídia.

No Brasil, as manifestações que ocorreram em junho de 2013, seguiram na mesma onda do que ocorreu na Espanha (Movimento 15M), Mundo Árabe (Primavera Árabe), Estados Unidos (OWS), entre outros movimentos mundo afora.

Uma diferença importante é que a organização da mobilização popular brasileira, em relação às outras, ocorreu a partir de uma pauta muito específica, proposta pelo MPL, como dissemos anteriormente.

Foi a partir desse gesto organizador que milhares de pessoas foram às ruas no início do mês de junho, motivados inicialmente pelo protesto contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo. Essa mobilização se acirrou pela grande violência policial sobre os manifestantes, e, com isso, o protesto passou a agregar a sua pauta, também, a violência policial. Não demorou muito para que, na medida em que a pauta de reivindicações aumentava, aumentasse também a onda de manifestantes e de grupos sociais distintos, que já não necessariamente se identificavam com o MPL, mas com reivindicações de outra ordem, como a corrupção na política, a PEC/37, a Copa do Mundo, entre tantas outras.

Segundo matéria do Portal Fórum[4] a respeito do seminário “Tecnologia e Poder”, Marilena Chauí, referindo-se às manifestações de junho de 2013, no Brasil, afirmou que apesar de toda a celebração em torno dos atos, também existe um caráter conservador e de espetáculo nas jornadas de luta de 2013.

 

na partida, era a redução das tarifas; na chegada, era a política, no entanto, essas manifestações não criticaram as instituições, aderiram à pauta da mídia conservadora de que os partidos políticos são corruptos por excelência. Ao invés de propor uma nova democracia, aderiram à ideia do ‘sem intermediário’, ou seja, ditadura (CHAUÍ, 2014).