Visões da cidade de Natal: construção identitária a partir do discurso poético


resumo resumo

Marília Varella Bezerra de Faria



globalização que possibilitam novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo mais integrado e conectado, mas, ao mesmo tempo, uma casa/território de identidades cindidas.

Como parte da nação brasileira, os potiguares tiveram suas identidades formadas a partir da mescla de elementos simbólicos trazidos pelos colonizadores europeus, pelas raças indígena e africana, como também pelas diferentes correntes migratórias que se instalaram na terra potiguar. A apropriação desses elementos deu-se de maneira desigual, combinando-os e transformando-os, formando, assim, uma identidade plural, construída por uma multiplicidade étnica, religiosa e cultural.

Os indígenas foram dizimados pelos colonizadores portugueses em trezentos anos (CASCUDO, 1999, p. 113). Os negros apareceram logo que Natal foi fundada, por volta de 1597, com a finalidade de trabalhar nas roças. O branco veio da Europa. Primeiramente, os franceses, que se aliaram aos indígenas e com eles conviveram em paz até 1597. Depois, ainda em 1597, chegaram os portugueses para permanecer e dominar. Esses últimos, fundaram, em fusão com os aborígines, “uma raça para resistir e vencer a terra” (CASCUDO, 1999, p. 111). Conforme o autor, havia em Natal, em 1607, “vinte e cinco moradores e cerca de oitenta nos arredores, caçando, pescando e plantando roçarias, ajudados pela escravaria vermelha e negra. A miscigenação era intensa e lógica” (CASCUDO, 1999, p. 112).

Essa é a maneira como a identidade potiguar foi construída desde o início: miscigenada a partir de um processo permeado de conflitos, de escravidão e de arrasamento.

 

A cidade de Natal

A cidade é o território sobre o qual esta pesquisa se debruça, procurando desvendá-lo a partir do discurso dos poetas. De acordo com Orlandi (2001, p. 7), a cidade é “um espaço que significa e é significado”, no sentido de que se pode a observar e interpretar por meio dos seus símbolos e da sua linguagem.

Segundo Pesavento (2002, p. 9), “a cidade é objeto de múltiplos discursos e olhares, que não se hierarquizam, mas que se justapõem, compõem ou se contradizem, sem, por isso, serem uns mais verdadeiros ou importantes que os outros”. Justamente no entrecruzamento desses olhares, buscam-se significados e constroem-se imagens da cidade.