Movimentos da contemporaneidade: a rua, as redes e seus desencontros
Cristiane Dias Marcos Aurélio Barbai Greciely Cristina da Costa
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Em maio de 1968 milhares de estudantes e trabalhadores tomaram as ruas de Paris, num dos maiores movimentos sociais do século XX. O motivo era a busca por mudanças na forma de governo capitalista burguês.
Alguns meses à frente, em junho do mesmo ano, estudantes contrários à ditadura instalada no Brasil, tomavam as ruasdo Rio de Janeiro, na chamada Passeata dos CemMil. Não foram as mesmas razões que levaram os manifestantes da França e do Brasil à rua, já que o momento histórico brasileiro e francês eram distintos, apesar da proximidade no tempo, mas em comum pode-se apontar, certamente, uma crise.
Nos Estados Unidos, na mesma época e nos anos que se seguiram, a oposição à guerra do Vietnã também levou milhares de alunos às ruas em protesto.
São momentos históricos distintos, distintas sociedades e consequências políticas distintas no pós-maio de 68 francês,nainstauração de uma ditadura militar brasileira (que durou 20 anos),naguerra do Vietnã... entre outros movimentos políticos ocorridos mundo afora, mais ou menos na mesma época. Como afirma Braga (2008[3], ano 11) “Já se tornou um lugar-comum dizer que 1968 ficou marcado na memória coletiva de muitos povos como um instante de profundas transformações sociais”.
Da mesma forma,talvezoano de 2011tambémfiquemarcado na memóriadiscursiva, pelos acontecimentos reinvindicatórios das manifestações que ocorreram em diferentes países, tendo aconectividadecomo forma de organização.
Diferentemente da forma de organização da luta em 1968, em 2011, esta não se deu por meio do panfleto oudojornal local, oudos catazes ouda organização mobilizada pelos grupos estudantis saídos do seio das universidades (DCE, UNE), dos sindicatos dos trabalhadoresou dos partidos de esquerda. A forma de organização dos movimentos que ocorreram em diferentes regiões do mundo teve como meio de disseminação, circulação e organização, a internet, o que permitiu a esses movimentos, difundidos porum“bocaa boca eletrônico” (CARNEIRO, 2012) uma organização rápida e em larga escala.
Nessa perspectiva, pensar as mobilizações sociais tendo a conectividade como sua forma de organização é o nosso objetivo aqui.