Movimentos da contemporaneidade: a rua, as redes e seus desencontros


resumo resumo

Cristiane Dias
Marcos Aurélio Barbai
Greciely Cristina da Costa



memória discursiva de organização sindical, estudantil, panfletária, para um modo de organização em rede, viral, midiático[2], inscrito numa memória metálica. Nessa deriva jogam os sentidos dos modos de organização política da sociedade. Uma sociedade conectada, online, onde os movimentos sociais estão/são (des)centralizados (ao menos no que diz respeito ao seu modo de organização) e funcionam por compartilhamento da informação por meio de mensagens. Seja por SMS ou pelas redes sociais ou, ainda, pelas hashtags.

Também pensando na dinâmica social de hoje, nosso segundo movimento de análise, consiste em pensar nos jovens que têm se servido da tecnologia para construir suas relações pessoais, afetivas e de grupo.

Os jovens em nosso tempo-espaço que é urbano, que é a cidade, têm engendrado, através da cena da conexão e da mobilidade tecnológica, relações inéditas que nos desafiam a pensar as relações do corpo do sujeito no espaço para além da aderência do cotidiano, assim como das condições postas pelo jurídico, do sujeito histórico governado pelo Estado, tal qual salienta Orlandi (2010, p. 12). Desse modo, tomamos como objeto de estudo o acontecimento dos rolezinhos, um encontro de jovens sugerido nas redes sociais, direcionado a um espaço da cidade: o Shopping Center.

Observamos, num terceiro movimento de análise, o funcionamento de discursos que criminalizam os black blocs, explicitando de que maneira se dá a articulação da rede com rua na organização/dispersão de um movimento político, marcado pelo equívoco entre aquilo que é da ordem de um direito de manifestar-se em face da interdição desse direito. Tem-se aí a produção de efeitos de sentido que desestabilizam a própria condição da manifestação ideologicamente constituída.

Nomeados black blocs pela polícia alemã, no Brasil, sua definição equívoca se sustenta na impossibilidade de identificá-los e na necessidade histórica e jurídica de rotulá-los vândalos e assim criminalizá-los a partir de uma existência material, uma vez que o anonimato e a dispersão são a base da ausência de sua institucionalização.

Com base nesses três movimentos de análise, nos interrogamos sobre como têm se dado as relações sociais, tendo a conectividade como forma de organização e de manifestação: organiza-se na rede para a rede, organiza-se na rede para o shopping, organiza-se na rede para a rua, organiza-se da rua para a rede. Encontros e desencontros.

 

 



[2] Dizer midiático não significa que é com o apoio da mídia, mas sim, tendo as mídias sociais como base da circulação da informação.