Movimentos da contemporaneidade: a rua, as redes e seus desencontros
Cristiane Dias Marcos Aurélio Barbai Greciely Cristina da Costa
de operários e jovens de esquerda, o movimentoAutonomiadefendia uma política participativa, sem líder ou representante, com base nos princípios de igualdade e liberdade para construção da autonomia individual. Lutavam contra a energia nuclear, a guerra e o racismo e se confrontavam, nas ruas, com gruposneofacistas racistas. Nesta descrição, que remete a uma ideia de origem dosblack blocs, observamos queelessurgemligadosa um movimento político, cuja característica principal é a luta em defesa daigualdade e contra injustiças, mas, não figuram como um movimento político, não são ditos assim.
Num cenário mais recente, relata Dupuis-Déri (idem), osblack blocssurgemno interior de um outro movimento político, o movimento altermundialista, que contesta a legitimidade de grandes instituições internacionais associadas à mundialização do capitalismo tais como a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, o G8, a União Europeia, etc. Comparecem, segundo o autor, na Batalha de Seattleem 30 novembro de 1999, momento em que quebraram vitrines do McDonald's, da Nike, da Gap e de bancos. Mais uma vez o autor aponta paraosblack blocscomo oponentes do capitalismo e suas instituições. No entanto, acrescenta uma forma de atuação que consiste na depredação de empresas, bancos, lojas consideradas representativas do sistema socioeconômico quecontestam. Mais do que gritos anticapitalistas e antiautoritários, recorrem ao uso da força, acentua ainda o autor.
Participaram dos protestos contra a Cúpula das Américas em Quebec, em 2001, contra a cúpula do G8, em Annemasse e Genebra, no ano de 2003. Estão na América do Norte, no México, na Europa, na Turquia e no Brasil (DUPUIS-DÉRI, 2004). Em entrevista à Rede Atual Brasil[7], o mesmo pesquisador defineblack blocda seguinte maneira:
Black bloc é simplesmente uma tática, uma maneira de se organizar dentro de uma manifestação. Consiste em se vestir de preto para garantir um certo anonimato. Pelo que conheço, a maioria dos black blocs desfilam com calma nas manifestações. A simples presença deles forma, de certa maneira, uma bandeira preta, símbolo do anarquismo.
Aqui temos uma definição que associa oblack blocao anarquismo. Associação essa que éreiterada e explicada pelo autor em "Penser l'action directe des Black Blocs" à medida que afirma ser oblack blocum epifênomeno de um movimento social antiautoritário mais amplo que remete a outros movimentos tais como ossans-culottes,