Movimentos da contemporaneidade: a rua, as redes e seus desencontros


resumo resumo

Cristiane Dias
Marcos Aurélio Barbai
Greciely Cristina da Costa



Nos chama a atenção, nesse desenho gráfico, em primeiro lugar, a expressão entre aspas “Estilo Rolezinho”. Aqui, a vestimenta tem um papel determinante na identificação do grupo. A roupa imprime uma digital ao corpo. Além disso, temos o caráter material da palavra, em que “Estilo Rolezinho” é absolutamente dissonante. Joga aqui a ironia (a língua jogando consigo mesma) como marca que articula e produz, ao mesmo tempo, a construção e a destruição de um sentido. De fato, o jovem da periferia tem um estilo em que moda e aparência são componentes indistintos: por mais que ele se adorne com as grifes celebradas do capitalismo, que conferem status, luxo e evidência, há algo nesse estilo que fala “a mais”, dizendo o “a menos”.

Nesse desenho caricatural, com seus elementos dispostos e nomeados, funciona a todo tempo o não-dito. O imaginário preside com maestria os jogos significantes. Há um conjunto de diferenças que são ditas, mas não explicitadas como tal. Essa arte é um exemplar da leitura que é feita do jovem em nossa sociedade. Há um jovem cujo corpo é um objeto de investimento (grifes), porém parece haver um “a menos” em relação ao jovem da periferia que recusa o estilo exótico e romântico da vulnerabilidade social.

A sociedade deseja, em relação a esses jovens, que eles sejam trabalhadores e voluntários. No entanto, os jovens do “rolê” querem ser vistos e reconhecidos na apropriação dos símbolos mais altos de poder que são vendidos no espaço dos shoppings. Todavia, o sujeito da vulnerabilidade não cabe na lógica e na política das compras e acesso a bens de consumo. Se há lugar para os encontros e laços sociais a arte bem diz: sambódromo (lugar de música do morro) ou espaços públicos. É preciso lembrar que o shopping (o lugar da circulação livre das mercadorias e do dinheiro) não é a rua.

 

Quebro, logo existo

O espaço pode se metaforizar em outro? Se partirmos da premissa de que o shopping não é a rua, mas é espaço de mobilidade, podemos dizer que o espaço se metaforiza em outros. Há algo da rua no shopping que se mostra por uma memória da circulação, do lazer, do encontro, do consumo. No entanto, nessa metaforização, algo da rua é impedido de significar no shopping, por exemplo, as manifestações. Assim como algo da divisão do corpo social urbano ali não pode figurar: a periferia.

O shopping center, no caso do rolezinho, transfere e têm seus sentidos de mobilidade interditados nesse espaço, pois, como vimos, o shopping não é lugar de todos, nem todos podem ir e vir, há sujeitos – os jovens da periferia – que, em certas