O ritual da mística no processo de identificação e resistência


resumo resumo

Freda Indursky



escola do MST e a formação dos sujeitos de um projeto popular de educação e de país.  Ou: Somos Sem Terra, somos brasileiros, temos o direito e o dever de estudar! (CALDART[1], 2000, p.153) (Os destaques são meus).

 

Pelas metáforas presentes na citação de Caldart, vê-se como as demandas vão, pouco a pouco, ampliando os horizontes do que seria o perfil de uma educação específica para os sem-terrinha. De início, exigiam apenas o direito de suas crianças poderem estudar. Isso remete ao fato de que algumas escolas, por razões econômicas, foram fechadas, determinando tal medida que as crianças fossem obrigadas a estudar longe de casa, frequentemente em escolas urbanas, precisando viajar ou fazer longas caminhadas a pé. Mas não só. Muitas vezes, crianças de diferentes níveis de escolaridade são colocadas em uma mesma sala, atendendo uma vez mais à racionalização dos recursos humanos e materiais[2]. Nada disso favorece uma boa educação.

Tais discrepâncias determinaram, em um segundo momento, a demanda por uma escola específica para os sem-terrinha. Claro que essa demanda vinha alicerçada no tratamento dispensado às escolas rurais, cujo currículo não contemplava as questões específicas de quem vive no campo e não tem terra e cujos professores tampouco estavam preparados para pensar tais questões.

Tais restrições determinaram, por conseguinte, o terceiro momento no qual passaram a reivindicar a formação de seu próprios quadros para a atuação nas escolas públicas destinadas aos sem-terrinha. Dessa forma, teriam finalmente todos os elementos reunidos: seus filhos matriculados numa escola do MST com professores especificamente formados para a tarefa de construir um currículo adequado a uma educação que contemple os saberes e conhecimentos do MST, e que seja capaz de repassar às jovens gerações bandeiras, sonhos e projetos do Movimento.

Como se vê, os sentidos de um dos lemas do Movimento - “Ocupar, Resistir, produzir” -  deslizaram sob a ação do Setor de Educação do MST para “Ocupar,

Camini e Caldart também buscaram sua formação, realizando suas dissertações de mestrado em Educação e tomando o MST como objeto de reflexão.

Tais fatos, muito frequentes, ocorreram durante o Governo Yeda Crusius (PSDB), no RS. Sua Secretária de Educação colocou em prática o raciocínio de uma empresa privada de educação, priorizando a racionalização dos recursos humanos e financeiros e sacrificando os interesses dos educandos. Foi nessa gestão, igualmente, que as escolas itinerantes do MST, pensadas para acompanhar os sem-terrinha nos deslocamentos de seus pais, em função de sua mobilidade política, foram fechadas  e assim permanecem até hoje.



[1] Camini e Caldart também buscaram sua formação, realizando suas dissertações de mestrado em Educação e tomando o MST como objeto de reflexão.

[2] Tais fatos, muito frequentes, ocorreram durante o Governo Yeda Crusius (PSDB), no RS. Sua Secretária de Educação colocou em prática o raciocínio de uma empresa privada de educação, priorizando a racionalização dos recursos humanos e financeiros e sacrificando os interesses dos educandos. Foi nessa gestão, igualmente, que as escolas itinerantes do MST, pensadas para acompanhar os sem-terrinha nos deslocamentos de seus pais, em função de sua mobilidade política, foram fechadas  e assim permanecem até hoje.