Movimentos da contemporaneidade: a rua, as redes e seus desencontros


resumo resumo

Cristiane Dias
Marcos Aurélio Barbai
Greciely Cristina da Costa



acontecimento, é preciso dizer, não é um fato, pois há algo da relação entre o atual e a memória que não se mede jamais em seu funcionamento (cf. Barbai, 2013, p. 198).

O acontecimento e a memória perturbam o tempo. Não se trata, em nossa ótica, de um desarranjo, de movimentos que podem ser medidos ou de avatares que podem ser escondidos. Um evento rompe com a temporalidade do presente, do passado e do futuro – esse imaginário da cronologia. O que se tem aqui é que o acontecimento produz o equívoco do tempo. Há no gesto e na criação de um evento online que convida jovens para se reunir em Shopping Center da cidade de São Paulo, uma atualidade divergente que fura todo e qualquer efeito de uma série temporal. Nesse sentido, esse primeiro recorte que se segue, tem um funcionamento específico: ele nos empurra ao nome, ao dado, como se o acontecimento tivesse uma anterioridade e referência. Vejamos, então, como o recorte de arte, procura definir o sentido de rolezinho.

Esse recorte é muito importante, porque enquanto arte há todo um texto que procura delimitar, clarear e elucidar o conteúdo de um evento, no corpo da cidade, buscando regularizar um acontecimento. Nesse sentido, a força material da palavra é uma cena a ser vista e lida. No primeiro quadro, já temos um jogo do legível em relação ao próprio legível: o rolezinho é definido no discurso jornalístico através de duas vozes: a dos jovens e das instituições, ou seja, a polícia e os lojistas.

No discurso jornalístico tem-se todo jogo de produzir, como já apontou Mariani (1998, p. 145), “os consensos em torno do que seria a verdade de um evento”. Desse modo, o rolezinho é da ordem da articulação de duas forças: (a rede social) e (um encontro de jovens no shopping) para, segundo a reportagem, atingir duas finalidades: (zoar, beijar, paquerar e se divertir) e (tumultuar centros de compras através do roubo e furto). O interessante aqui é a neutralidade, a transparência e a ilusão referencial da