O ritual da mística no processo de identificação e resistência


resumo resumo

Freda Indursky



terrinha, o movimento passou a lutar pela escola desejável para seus filhos, uma escola capaz de respeitar a identidade política dos Sem Terra e, por conseguinte, capaz de participar da formação dos filhos Sem Terra e de seu processo de identificação com a causa que mobilizou seus pais, garantindo, dessa forma, para a geração seguinte, a construção de uma identidade Sem Terra pelo viés de uma escola que trabalhe com a economia do ponto de vista da distribuição de terras e de uma agricultura familiar e se posicione contra o latifúndio, o agronegócio e os transgênicos, entre outros de seus saberes, por exemplo. Enfim, uma escola que leve em conta as condições de vida e de luta dos Trabalhadores Rurais sem Terra.

Da mesma forma, o Setor de Educação do MST se deu conta de que a passagem da escola tradicional estatal para o seu objeto de desejo - uma escola estatal que atenda à formação desejável e adequada dos sem-terrinha - implicava pensar e propor uma pedagogia adequada aos saberes do MST. Sobre essa questão, podemos ler em Camini, uma das pensadoras da pedagogia do MST:

 

Tendo presente que a escola pública e os professores em nosso estado vêm enfrentando problemas dos mais diversos; que a realidade das escolas do meio rural apresenta-se precária e ainda ausente nos debates sobre a educação pública; que o ensino em geral é fraco e fragmentado e seus professores carecem de formação e capacitação continuada para que possam pensar a prática cotidiana a partir de um conhecimento teórico necessário para refleti-la é que o Setor Nacional de Educação do MST tem se preocupado, desde o início, em pensar estrategicamente como viabilizar a escola para as crianças assentadas. (CAMINI, 1998, p. 59) (Grifo da autora).

 

A partir dessa citação e considerando o destaque que nela fiz, percebe-se que a escola rural, já existente, teoricamente poderia atender às necessidades dos sem-terra e de seus filhos, porém também não atendia/atende às necessidades educacionais do Movimento, o que, uma vez mais, reforça as razões que moveram os educadores do MST para conquistar uma licenciatura específica para a escola de sem-terra. Vale a pena, ainda, observar como essa questão foi se delineando. Para tanto, vejamos o que diz Caldart, também membro do Setor de Educação do MST:  

 

Três momentos para a metáfora da ocupação da escola. Primeiro momento: a luta pela escola na luta pela terra. Ou: somos Sem Terra sim senhores, e exigimos escola para nossos filhos! Segundo momento: a inserção da escola em uma organização social de massas. Ou queremos estudar em uma escola do MST! Terceiro momento: a