Relacão sujeito indígena/cidade: Análises para a construção de um objeto de pesquisa


resumo resumo

Águeda Aparecida da Cruz Borges



preguiçoso”, “índio não é brasileiro” e outros que caracterizam o discurso da “descoberta” (cf. quadro abaixo). O discurso atualiza e determina a diferença, indicando quem é o sujeito que deve aprender a ser igual. No entanto, os Xavante falam a língua Portuguesa, vestem roupas, utilizam aparelhos eletrônicos, mas são rejeitados no espaço onde os “brancos” julgam ser os donos: o espaço da cidade, e, nessas condições de produção, funciona o discurso inverso, ou seja, devolver o “civilizado” para a aldeia, “voltar ao que era”, “lugar de índio é na aldeia”.

É possível dizer que o processo de rejeição aos povos indígenas vem se mantendo durante séculos e se efetiva pelos mecanismos mais variados, dos quais a linguagem, com a violência simbólica que ela representa, é um dos mais poderosos. O quadro abaixo[1], de sequências discursivas, resultado da pesquisa, já referida, que nos levou para a tese é uma mostra discursiva dessa violência:

Famílias Parafrásticas

Estudantes universitários (EU)

Estudantes de Ensino Médio (EEM)

Pais(PA)

Professores

(P)

Profissionais da educação(PE)

Índio é preguiçoso

(...) “tinha lixo pra tudo quanto é canto, e a gente foi catar junto com eles; (...) eles sentaram e ficaram olhando a gente catar o lixo.”

“Índio é vagabundo, preguiçoso, quer tudo na mão.”

índio gosta de tudo na mão; trabalhar que é bom, nada.”

...”eu vejo que hoje o índio eles tão muito, assim, preguiçoso”

 

Os índios são protegidos pelo governo

 

 

 

 

 

“Aí, o governo, né, dá aquela aposentadoria pra eles hoje. Então, nessa questão eu particularmente acho arbitrária.”

“Faz tudo o que quer porque é protegido.”

(...) “o índio ele tem uma proteção muito grande”...

 

eu num concordo, porque o índio a partir da hora que ele nasce, ele tem um salário, né, que eles recebe do governo, então eu acho que não deveria ser assim”...

 

 

Somos descendentes de portugueses

 

 

“As terras brasileiras, no caso, quando aqui chegamos, já eram dos índios.”

 

 

“Quando aqui chegamos eles já estavam aqui.”

... “com o descobrimento do Brasil... menos mal pra nós, né, porque a gente ia ser só um monte de índio; Já pensou se fosse assim?! E com o descobrimento... melhor serfilho de português do que ser filho de índio.”

 

 

Índio é bicho (selvagem)

“Muitas pessoas acham que os índios eles são bichos su/ sujando a cidade”

“Índio parece que não é gente.”

(...) “a própria sociedade trata o índio como um animal”

(...) “de certa forma ele é agressivo, ele é por causa do instinto dele.”

 

Famílias Parafrásticas

Estudantes universitários (EU)

Estudantes de Ensino Médio (EEM)

Pais(PA)

Professores

(P)

Profissionais da educação(PE)

Índio é preguiçoso

(...) “tinha lixo pra tudo quanto é canto, e a gente foi catar junto com eles; (...) eles sentaram e ficaram olhando a gente catar o lixo.”

“Índio é vagabundo, preguiçoso, quer tudo na mão.”

índio gosta de tudo na mão; trabalhar que é bom, nada.”

...”eu vejo que hoje o índio eles tão muito, assim, preguiçoso”

 

Os índios são protegidos pelo governo

 

 

 

 

 

“Aí, o governo, né, dá aquela aposentadoria pra eles hoje. Então, nessa questão eu particularmente acho arbitrária.”

“Faz tudo o que quer porque é protegido.”

(...) “o índio ele tem uma proteção muito grande”...

 

eu num concordo, porque o índio a partir da hora que ele nasce, ele tem um salário, né, que eles recebe do governo, então eu acho que não deveria ser assim”...

 

 

Somos descendentes de portugueses

 

 

“As terras brasileiras, no caso, quando aqui chegamos, já eram dos índios.”

 

 

“Quando aqui chegamos eles já estavam aqui.”

... “com o descobrimento do Brasil... menos mal pra nós, né, porque a gente ia ser só um monte de índio; Já pensou se fosse assim?! E com o descobrimento... melhor serfilho de português do que ser filho de índio.”

 

 

Índio é bicho (selvagem)

“Muitas pessoas acham que os índios eles são bichos su/ sujando a cidade”

“Índio parece que não é gente.”

(...) “a própria sociedade trata o índio como um animal”

(...) “de certa forma ele é agressivo, ele é por causa do instinto dele.”

 

 

Esse quadro faz ressoar o trabalho de mestrado, desenvolvido por Azambuja (2004) no qual a autora trabalhou com o imaginário sobre os Karajá. As entrevistas foram realizadas por Miranda (2004), minha orientanda de Iniciação Científica, e as análises estão publicadas em Borges & Miranda (idem, 2008, p.31-32-33).



[1] Esse quadro faz ressoar o trabalho de mestrado, desenvolvido por Azambuja (2004) no qual a autora trabalhou com o imaginário sobre os Karajá. As entrevistas foram realizadas por Miranda (2004), minha orientanda de Iniciação Científica, e as análises estão publicadas em Borges & Miranda (idem, 2008, p.31-32-33).