Movimentos da contemporaneidade: a rua, as redes e seus desencontros


resumo resumo

Cristiane Dias
Marcos Aurélio Barbai
Greciely Cristina da Costa



tecnologia móvel) nos tem feito viver, como dizem Mizuko e Daisuke (2004, p. 162), um “encontro ampliado”, já que abrimos, quando conectados e interligados, as fronteiras do encontro físico. Esse nosso tempo é aquele de movimentos e de desordem no tecido social. O espaço social é elástico, resistente e resiliente, efeito esse da aderência. Mas hoje o queremos fluído.

Assim, para apresentar esse movimento pensando-se nos jovens, no corpo capital da cidade, propomos como lugar de observação, pensando na forma de organização de encontros por meio da conectividade, as reportagens da imprensa brasileira para comunicar e informar esse acontecimento inédito na cidade, denominado rolezinho. O arquivo com que trabalhamos nos permite articular uma problemática importante, isto é, a relação entre a linguagem, leitura e acontecimento, já que algo da ordem do “agora”, do “atual” se impõe com força no mundo, demandando interpretação. Partimos da ideia de que a informação, ou seja, um X que diz sobre Y, não é nunca uma montagem transparente.

A questão da montagem da cena é, no arquivo, fundamental. Isso se dá porque vamos analisar um recorte do Editorial de Arte, da Folha de São Paulo, publicado em 15/01/2014, cuja reportagem circulou com o título: ‘Rolezinho’ surgiram com jovens da periferia e seus fãs, de autoria de Ana Kepp.

Ao trabalharmos com a circulação do acontecimento rolezinho, considerando que há um laço entre o sujeito, a cidade, a tecnologia e o sentido, duas premissas nos movem: escutar como dizemos, enquanto sociedade brasileira, a juventude nesse tempo da comunicação; pensar a cidade como uma cena fluida, ou seja, lugar de uma indistinção entre o numérico e físico. Para isso, trabalharemos com a arte “Bonde do Rolê” – Encontro de jovens em shoppings provoca polêmica. Eis a arte[5], que para fins da análise será segmentada em três recortes.

Entretanto, antes de entrar diretamente na materialidade e na sintaxe da imagem gostaríamos de falar um pouco da relação entre a narratividade da informação, a imagem e o acontecimento. Partimos da ideia de que a narrativa da informação é um movimento na linguagem para administrar semanticamente um acontecimento: um tempo sem presente, instaurando uma temporalidade que ignora qualquer casuística. O